A praia de Carneiros e a praia da Boca, em Tamandaré (PE), amanheceram manchadas de petróleo cru nesta sexta-feira, 18. Em São José da Coroa Grande, cidade vizinha, a prefeitura decretou estado de emergência na quinta por causa da chegada do óleo à região. No Estado, são 24 pontos atingidos até o momento, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Com origem desconhecida, o poluente se espalha pelo litoral nordestino desde o início de setembro e já atinge 187 pontos, do Maranhão à Bahia. Apesar de a Agência Estadual de Meio Ambiente ter dito não haver o componente químico em Pernambuco esta semana, as manchas voltaram a surgir por causa da força das marés.
“Dia 2 de setembro apareceu em Tamandaré o óleo, era do tamanho de uma bolacha (cada mancha). Mas de ontem (quinta) para hoje (sexta), veio muito óleo mesmo. Estamos correndo contra a maré, que está enchendo. A tendência é uma parte do óleo ficar soterrada e outra voltar para a água”, afirma Joab Almeida, da Associação de Garis Marítimos. “A gente tem uma unidade de conservação de corais, que é uma das maiores. Se esse piche estiver sobre a unidade, acaba o banco de corais”, teme Almeida.
A prefeitura de Tamandaré confirmou pela manhã que parte dos arrecifes, próximos à praia de Carneiros, foi atingida pela substância.
A Marinha, a Petrobras, a Transpetro e a Defesa Civil do Estado colocaram boias para conter o avanço da substância tóxica no Rio Pissinunga e no Rio Una, em área limítrofe entre Pernambuco e Alagoas. Até o momento, no entanto, a contenção não chegou a Tamandaré, segundo o secretário de Meio Ambiente do município, Manoel Pedrosa.
“O avanço do óleo nos pegou de surpresa, não se consegue saber de onde vem a mancha. Lançamos embarcação para tentar encontrar e usar barreiras de contenção, que não chegam. Conseguimos fazer a limpeza com 1,5 mil pessoas, limpando 1,5 quilômetro de praia e 25 mil litros do óleo”, contabiliza Pedrosa.
Segundo o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, a última quantidade de barreira oferecida pela Marinha tinha 200 metros e não dava para conter o óleo nas praias pernambucanas. “Quando vimos que o óleo se movimentava para o sul da Bahia, monitoramos e cobramos um plano do governo federal. Mas a Marinha daqui e o Ibama não têm os equipamentos necessários”, diz Bertotti.
O secretário destaca que o governo de Pernambuco não sabe de onde as manchas vêm. “Pela manhã, um helicóptero tenta localizar onde, se tem algum tipo de mancha e procurar agir, mas o monitoramento é de 1 quilômetro de costa, e não temos informação do governo federal de manchas que estejam se deslocando”, continua.
O governo de Pernambuco começou a observar o avanço do óleo nesta sexta em uma Sala de Situação, com monitoramento de embarcações e helicópteros. Para Bertotti, porém, “o plano nacional de contenção não está em curso”.
A reportagem não obteve resposta do Ministério de Meio Ambiente.
Em nota, o Ibama afirma que as barreiras de contenção são importantes para conter a contaminação de outras áreas litorâneas, mas reconhece que a medida “pode não alcançar a eficácia pretendida”. A instituição explica que o petróleo se concentra na camada subsuperficial do mar e não consegue ser identificado facilmente por satélites ou equipes de monitoração.
As prefeituras de São José da Coroa Grande e de Tamandaré advertem os banhistas a não ter contato com o poluente sem usar luva de proteção. A convocação de voluntários para auxiliar na limpeza foi autorizada por causa do estado de emergência e desastre natural.