O ex-prefeito Paulo Maluf garante não ter nenhuma conta bancária fora do País. Mas, em diálogo de quase três minutos no dia 15 de julho, ele reclama ter apenas US$ 1 milhão em uma conta nos Estados Unidos. ?Quanto nós temos lá em Atlanta??, pergunta Maluf em telefonema disparado de seu celular, sem especificar quem é o titular da conta. ?Em Atlanta?
Temos US$ 1 milhão?, responde uma voz feminina, identificada como Solange, funcionária da Eucatex, empresa da família Maluf. ?Só? Ah, deveríamos ter mais…?, pondera Maluf. A conversa faz parte do total de 600 horas de gravações realizadas entre junho e o mês passado pela Polícia Federal, com autorização judicial. Ironicamente, começa com Maluf comentando que o celular dele, de vez em quando, vai e volta: ?Deve ter muito curioso na linha.? A revelação está na revista IstoÉ desta semana.
Segundo a revista, desse mesmo lote de gravações foi extraído o diálogo que mantém o ex-prefeito e seu filho Flávio atrás das grades. O trecho revela contatos com o doleiro Vivaldo Alves, o Birigui, interpretados pela Justiça como pressão sobre testemunha. Gravadas em áudio, o DVD contém, também, diálogos de Maluf tratando da importação e emplacamento de um carro e conversas com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, e o deputado Pedro Corrêa, presidente do PPB. Em outro momento, Maluf e o filho Flávio comentam o depoimento de Marcos Valério à CPI dos Correios e ironizam o espanto da opinião pública com os R$ 2 bilhões que o publicitário teria movimentado. Para eles, o valor é fichinha comparado com o que lucra a Eucatex. Agora, um dos desafios da PF e dos promotores envolvidos na apuração do caso é, nas 600 horas de gravação, separar o joio do trigo.
Vazamento
Advogados de defesa dos Maluf, por outro lado, querem questionar na Justiça a razão de o DVD ?vazado? ter vários trechos suprimidos. Insinuam que essas partes teriam sido descartadas pela Polícia Federal para não comprometer a própria instituição.
