Maluf e seu filho estão presos na Polícia Federal

  Vidal Cavalcante / AE
Vidal Cavalcante / AE

Maluf chegou no início da madrugada
à sede da Polícia Federal.

São Paulo – O ex-prefeito Paulo Maluf entregou-se na madrugada de ontem à Polícia Federal em São Paulo. Acusado de coagir testemunhas e ocultar provas do processo em que é acusado de evasão de divisas, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, Maluf chegou à sede da Superintendência da PF, situada na Lapa (zona oeste da capital paulista), à 0h20m, acompanhado de advogados e visivelmente abatido. Ele carregava apenas uma pequena sacola e entrou sem falar com os jornalistas.

Já o filho do ex-prefeito, Flávio Maluf, que estava em uma fazenda no município de Dourado, interior paulista, chegou algemado à sede da Superintendência da PF por volta das 8h30, acompanhado por agentes federais. Flávio não concedeu entrevista. Visivelmente abatido, ele chorou. Mais tarde, funcionários da família Maluf levaram colchonete, travesseiro e malas com pertences pessoais do ex-prefeito e do filho.

Os advogados de Maluf e Flávio, José Roberto Leal, Ricardo Tosto e José Roberto Batocchio informaram que pedirão pela libertação de seus clientes (habeas corpus) na segunda ou na terça-feira, por entender que ?as prisões não tiveram fundamentos jurídicos?. Eles disseram também que antes, porém, necessitam conhecer o teor da decisão da Justiça.

Paulo Maluf se encontrava em Campos do Jordão (SP) na noite de sexta-feira, quando a juíza Silvia Rocha, da 2.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, anunciou ter aceitado na íntegra a denúncia da Polícia Federal, endossada pelo Ministério Público Federal, contra Maluf, seu filho Flávio, o doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi, e Simeão Damasceno de Oliveira, ex-diretor da construtora Mendes Júnior. A pena mínima é de oito anos de prisão.

No mesmo despacho, a juíza decretou a prisão de Maluf e de Flávio. Embora ela não tenha divulgado publicamente sua decisão sobre a prisão, Maluf – que deveria ser preso só no início da manhã de ontem – se antecipou e foi para a sede da PF.

Na noite de sexta-feira, no Jornal Nacional, o doleiro Birigüi disse que Paulo e Flávio Maluf não queriam que ele revelasse como operou US$ 160 milhões que saíram ilegalmente do Brasil e foram para os Estados Unidos.

?A preocupação deles, desde o início, era que eu não relatasse nada e que eu só falasse na Justiça. Eles insistiram porque não queriam que eu falasse sobre US$ 160 milhões?, disse Birigüi, citando o valor, periciado pelo Ministério Público, que passou pela conta ?Chanani?, aberta pelo doleiro no Safra National Bank, de Nova York, para Maluf e sua família durante um período de um ano e meio.

De acordo com Vivaldo Alves, a conta ?Chanani? foi aberta a pedido de Flávio Maluf. Ele a operava e ganhava uma comissão, por isso é considerado testemunha fundamental para provar a corrupção constada na Prefeitura de São Paulo e o envio de dinheiro público desviado para contas no exterior.

?Eu fui procurado por ele (Flávio) e ele me falou que no ano de 1998 ele precisava fazer uma movimentação muito grande e precisava ter uma conta de passagem nos Estados Unidos. Isso significa uma conta em que o dinheiro entra em grandes volumes e sai em pequenos volumes. Essa conta existe para não mostrar de onde veio o dinheiro, para deixar menos rastro?, disse o doleiro ao Jornal Nacional.

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