São Paulo – A Polícia Federal indiciou ontem o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e seu filho Flávio sob a suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, corrupção e formação de quadrilha. O indiciamento aconteceu depois que Maluf e seu filho Flávio prestaram depoimento pela manhã na sede da PF em São Paulo em inquérito que investiga o envio ilegal de dinheiro para o exterior.
Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo e derrotado nas eleições deste ano para o cargo, foi indiciado por cinco acusações: lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas, sonegação fiscal e peculato. Maluf chegou ao prédio da PF, na Lapa, por volta das 10h, acompanhado por dois seguranças e dois advogados. Na saída ele fez o “V” da vitória com os dedos. Agora, o procurador-geral da República Pedro Barbosa deve denunciá-lo à Justiça e dar abertura a um processo criminal.
Maluf e sua família são investigados pelo Ministério Público Estadual, pelo Ministério Público Federal e pela PF por suposta remessa ilegal de dinheiro ao exterior com base em documentos bancários enviados pela Suíça ao Brasil. No início do ano, os suíços enviaram às autoridades brasileiras cerca de 20 quilos de papéis. São dezenas de extratos bancários, fichas de contas e cartas com assinaturas similares às de Maluf e familiares.
Maluf aparece nos papéis como “detentor de direitos” de duas contas que ficaram ativas até 1997 na Suíça. Os valores foram, então, transferidos para Jersey (US$ 200 milhões) e Londres (US$ 120 milhões), de acordo com a Suíça. Há papéis que citam Flávio como beneficiário de uma offshore – empresa estrangeira – e da fundação Pérola Negra. O Ministério Público trabalha com a hipótese de que as contas teriam sido abastecidas por meio de superfaturamento de obras na gestão Maluf. O ex-prefeito nega as irregularidades e qualquer conta no exterior.
Em uma nota emitida durante a tarde de ontem, Maluf disse que “se alguma instituição deseja fazer uso eleitoral desse episódio para favorecer algum candidato, comigo vai quebrar a cara. Ninguém jamais me intimidou ou vai intimidar”. O ex-prefeito de São Paulo disse também que se apresentou para depor, mesmo antes do final do processo eleitoral que termina no dia 31, e que lhe dá imunidade. Na nota, Maluf diz que ainda não tomou posição sobre o segundo turno. “Vou reunir os meus companheiros e no momento certo tomarei a posição que melhor convier à cidade de São Paulo”, disse.