Mal de Chagas mata quatro em Santa Catarina

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A causa dos surtos pode ter sido
caldo de cana contaminado pelas
fezes do "Barbeiro".

Joinville – Já chega a 20 o número de pessoas contaminadas pela doença de Chagas em Santa Catarina. Deste total, quatro casos foram fatais. A doença, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é transmitida normalmente pela picada de um inseto, conhecido como barbeiro. Mas a maior parte dos casos registrados em Santa Catarina, no entanto, mostra a contaminação pela ingestão de caldo de cana. A venda do produto foi proibida em todo o estado. Segundo o diretor da Vigilância Epidemiológica, Luís Antônio Silva, existe a possibilidade de a bebida ter sido contaminada com as fezes do animal, ou do próprio inseto ter sido moído junto com a cana. Até agora, só havia relatos de transmissão do protozoário pela ingestão de alimentos no Rio Grande do Sul, Paraíba e Pará.

A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) lembra que, há alguns anos, a ocorrência de surtos em outros estados do País já tinha feito com que cientistas levassem em conta a transmissão oral do Trypanosoma cruzi. E um estudo da Fiocruz na Bahia, sustenta as evidências de que esse protozoário pode, sim, ser transmitido pela ingestão de alimentos.

Os últimos cinco casos foram detectados neste fim de semana, em Joinville, no Norte do estado. Dos infectados, três afirmaram ter bebido caldo de cana em quiosques às margens da BR-101. As outras duas vítimas contaram que ingeriram a bebida em Joinville.

Anne Heloísa Cabral, de 9 anos, morreu no último dia 14, em Florianópolis, após um malsucedido tratamento para leptospirose. Uma semana antes, sua irmã Ana Beatriz, de 4 anos, e sua avó Dorvalina da Rocha Cabral de 62 anos, haviam falecido em Balneário Camboriú. Outras duas mortes estão sendo investigadas e o resultado deve sair nos próximos dias.

Em Joinville, uma criança e quatro adultos com Mal de Chagas estão internadas no Hospital Municipal São José e no Centro Hospitalar Unimed. Há a suspeita de mais três casos na cidade e outro na cidade vizinha de Araquari.

O diretor da Vigilância orienta que todas as pessoas que beberam caldo de cana entre os dias 13 e 20 de fevereiro na região de Itajaí submetam-se a um exame sorológico para confirmar se foram ou não contaminadas.

A Vigilância lembra que a doença de Chagas não se propaga de pessoa a pessoa, exceto por transfusão de sangue ou de mãe para filho durante a gravidez.

Há, atualmente, entre 2 e 3 milhões de brasileiros infectados com a doença de Chagas. Na fase aguda, os sintomas são: febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas inchadas, alterações cardíacas leves e inchaço nos olhos. Em crianças, o quadro pode levar à morte.

A Secretaria do Estado da Saúde divulgou que há uma equipe do Ministério da Saúde acompanhando o trabalho de investigação, que inclui uma busca pelo inseto na região de Itajaí, para saber de que maneira houve a contaminação do caldo de cana.

Manifestação da doença

Joinville – O diretor da Vigilância Epidemiológica, Luís Antônio Silva, explicou que ?é comum o barbeiro procurar a cana para se esconder e lá acaba se alimentando e soltando suas fezes infectadas. Acreditamos que a cana foi esmagada com o bicho dentro?, disse ele. Na fase crônica, muitos pacientes podem passar um longo período, até mesmo toda a vida, sem apresentar manifestação da doença, embora sejam portadores do protozoário. Em outros casos, a doença prossegue ativamente, passada a fase inicial, podendo comprometer especialmente o coração e o aparelho digestivo. As drogas disponíveis para tratamento são eficazes apenas na fase inicial da enfermidade, por isso o esforço da Secretaria de Estado da Saúde para identificar se houve outras pessoas contaminadas.

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