Em um intervalo de apenas dois dias, duas pesquisas independentes, uma no Rio de Janeiro e outra nos Estados Unidos, chegaram a conclusões muito parecidas sobre como o vírus zika é capaz de agir no cérebro, infectando e matando células neuronais, o que reforça a suspeita de que o vírus está por trás do aumento no número de casos de microcefalia no Brasil.

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Na quarta-feira, 2, um grupo carioca liderado pelo neurocientista Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto D’or de Pesquisa, publicou um trabalho que mostra que o zika infecta as células que agem como progenitoras cerebrais, ou seja, que dão origem ao órgão, o que acaba tendo efeito no seu desenvolvimento.

Nesta sexta-feira, 4, um grupo de pesquisadores das universidades americanas Johns Hopkins e Estadual da Flórida, publicou um trabalho na revista Cell Stem Cell, com achados muitos parecidos. Segundo eles, o vírus zika é capaz de infectar um tipo de célula-tronco de neuronal, que dá origem ao córtex cerebral.

As células infectadas, mostram eles, ficam mais propensas a morrer e menos propensas a se dividir normalmente e criar novas células cerebrais. Os pesquisadores ressaltam que isso ainda não prova a relação com microcefalia em bebês gestados por mães infectadas pelo vírus, mas revela onde o zika é capaz de causar danos.

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“Este é um primeiro passo e há muito mais que precisa ser feito. Mostramos que o zika infecta as células neuronais em cultura”, diz Hongjun Song, neurocientista da Johns Hopkins, em comunicado divulgado à imprensa. “Mas ainda não sabemos de modo algum o que está acontecendo no desenvolvimento do feto”. Os achados, dizem os autores, se correlacionam com o desenvolvimento cerebral interrompido, mas uma evidência direta de ligação entre o vírus e microcefalia só virá de mais estudos clínicos.