O ex-assessor do Ministério da Cultura Roberto Costa Pinho disse ontem à CPI do Mensalão que foi contratado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, para prestar assessoria política e por isso recebeu R$ 300 mil do publicitário Marcos Valério pelo Banco Rural, em Brasília. O próprio Pinho admitiu nunca ter prestado o serviço, mas jurou ter sido autorizado por Delúbio a ficar com o dinheiro. Não existe um contrato assinado, disse Pinho. O ex-assessor do ministro Gilberto Gil teria recebido um telefonema da secretária de Delúbio no final de julho ou início de agosto de 2003. ?Ela me disse que Delúbio queria marcar um encontro comigo no hotel Blue Tree?, contou. O hotel, um dos mais caros de Brasília, era ponto de encontro de petistas.
No encontro, Delúbio disse que havia sido instruído a propor a Pinho que fizesse uma consultoria de marketing político para a campanha municipal de 2004. Ele deveria fazer uma pesquisa em 25 municípios de médio porte, que deveria começar em 2004. Pinho pediu R$ 700 mil e a metade de adiantamento para começar o trabalho, com o que Delúbio teria concordado. Nunca foi feito um contrato oficial. ?Foi só de boca?, disse Pinho. No entanto, o pagamento começou em seguida. ?A partir de setembro eu recebi um telefonema da secretária de Delúbio me dizendo para ir ao Banco Rural, procurasse um funcionário e pegasse a importância?, contou. Pinho afirma que recebeu os R$ 300 mil em quatro parcelas, de setembro de 2003 a fevereiro de 2004, e não R$ 450 mil, como aparece na lista de Valério.
Pinho admite que nunca prestou o serviço. Diz que, depois da sua saída do Ministério da Cultura – foi exonerado em fevereiro de 2004 por suspeita de permitir irregularidades em contratos do programa Casa Aberta – entrou em depressão e ?ficou na cama? até outubro de 2004, ficando impedido de cumprir o contrato. Apesar disso, Delúbio não teria pedido o dinheiro de volta. ?Ele pediu para a secretária me ligar, que sabia da minha doença e que não faltariam oportunidades para eu prestar serviços para o PT?,disse.
Desde então, Pinho nunca fez qualquer trabalho para o PT mas gastou o dinheiro. Curiosamente, o ex-assessor do ministério também nunca depositou o dinheiro na sua conta. Guardou em casa. Diz que foi juntando, porque recebeu em parcelas, para contratar os grupos de trabalho para a pesquisa.
