Brasília – Cerca de 15 mil pessoas participaram ontem em Brasília da terceira marcha dos servidores públicos contra a reforma da Previdência Social, que terminou sem incidentes. Para evitar os distúrbios da marcha anterior, foram mobilizados 3.500 policiais que fizeram a segurança durante toda a manifestação. Todos os principais prédios públicos do Distrito Federal, como o Palácio do Planalto, o Congresso, a esplanada dos ministérios e até a Catedral de Brasília foram fortemente protegidos por policiais em cordões de isolamentos.
Os servidores percorreram a Esplanada dos Ministérios por mais de uma hora e meia. Segundo os organizadores da passeata, participaram cerca de 15 mil pessoas, constituindo-se principalmente de professores e trabalhadores da educação. Em frente ao Congresso Nacional, os manifestantes organizaram um ato público. Alguns parlamentares contrários à reforma da Previdência, como o deputado federal João Batista Babá (PT-PA), subiram no caminhão de som e fizeram discursos. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) foi a mais aplaudida. No entanto, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, foi vaiado pelos manifestantes e não conseguiu discursar. No final, servidores públicos fincaram cruzes no gramado do Congresso Nacional.
Movimentos unidos para pressionar
São Paulo – As principais entidades dos movimentos sociais do País, com o discurso de unificação das ações, elaboraram um documento de reivindicações comuns ao governo. Com a bandeira da Coordenação dos Movimentos Sociais, visam centralizar as pressões ao Planalto e influenciar nos próximos passos do governo Lula. A coordenação pretende influenciar nas decisões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, presidido pelo ministro Tarso Genro, e do Fórum Nacional do Trabalho, que debate as diretrizes para a futura reforma trabalhista.
Apesar do tom crítico do documento, o grupo é formado por aliados do PT e pretende cobrar o governo sem se opor a ele. São eles dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), das pastorais, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Contag (Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura). Integram a aliança nomes como João Paulo Rodrigues e Gilmar Mauro, do MST, Manoel José dos Santos, da Contag, dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra, e o ex-deputado e fundador do PT Plínio de Arruda Sampaio.
O lançamento da coordenação está sendo feito no mês de agosto, em cinco encontros regionais. No último sábado, ocorreu em Belém (PA). No próximo, será em São Paulo. As outras três Capíitais serão Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e Recife (PE). Nas reuniões, também será debatida uma “jornada nacional de mobilizações”, em setembro.
No documento-base, a aliança dos movimentos sociais diz que pretende “municiar os militantes com propostas” e traçar um projeto alternativo de desenvolvimento econômico e social. Afirma que “o governo Lula desperta esperanças”, mas adota uma agenda velha, que “não reuniu forças de sustentação política e econômica para implementar as mudanças que a situação do País exige”.
“Somente a mobilização social garantirá a manutenção da agenda dos movimentos sociais e a sustentação para as mudanças que respondam aos interesses populares e às reivindicações históricas do povo brasileiro”, diz o texto. Um dos principais pontos do documento elaborado pela Coordenação dos Movimentos Sociais é uma lista de críticas à política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Além de afirmar que o governo adota uma agenda ultrapassada, o documento diz que o atual modelo é “dependente de acordos que aprisionam as política econômicas do país aos interesses do capital”. Também afirma que “é preciso pôr fim à política que gera superávit primário”, pede redução dos juros e “ruptura com os compromissos da dívida.