Maiores críticos são os petistas

Brasília

– O governo Lula tem conseguido nos últimos meses reduzir o dólar ao inesperado patamar de R$ 3, a Petrobras vai reduzir o preço dos combustíveis e o País apresentou o primeiro superávit trimestral em transações correntes desde 1994. No entanto, em vez de comemorar, o governo Lula está brigando feio. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, viu seu desenho de política econômica (e social) ser atacado por estrelas petistas de dentro e de fora do governo, no mais duro confronto já travado sobre o modelo de desenvolvimento brasileiro na era Lula. Acabou sendo levado a defender publicamente suas idéias, evocando o aval do presidente da República.

A crise atingiu o ápice na quinta-feira passada, quando o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, cobrou a atuação do Banco Central para evitar a queda exagerada do dólar, que seria prejudicial à competitividade das exportações. No mesmo dia, José Carlos Miranda, chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, defendera a intervenção pontual do BC para tornar o câmbio mais estável.

Por sua vez, o chefe de Miranda, ministro Guido Mantega, tentou ressuscitar as idéias clássicas do PT no que chamou de “agenda da discussão do desenvolvimento e do planejamento”. Era uma crítica ao documento “Agenda perdida”, um condensado com diretrizes econômicas e sociais produzido durante a campanha por 17 economistas de diferentes tendências e, mais tarde, adotado por Palocci como programa de governo. Estão na “Agenda perdida” todas as idéias contidas no texto “Política econômica e reformas estruturais”, a lista de prioridades da Fazenda, divulgada duas semanas atrás.

Coordenador da “Agenda perdida” ao lado de José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Princeton, o economista Marcos Lisboa tornou-se secretário de Política Econômica de Palocci. E sofreu ataques duríssimos da economista Maria da Conceição Tavares, petista histórica que influenciou na escolha de Carlos Lessa para a presidência do BNDES.

Para completar, o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, reivindicou para o programa Fome Zero a subordinação da política social unificada desejada pelo presidente Lula. A proposta de unir os principais programas de transferência de renda do governo, entre os quais o Bolsa-Escola, está sendo arquitetada no Ministério da Assistência e Promoção Social, de Benedita da Silva, sob a coordenação do economista Ricardo Henriques. E conta com a simpatia da equipe da Fazenda.

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