O Brasil fará parte do maior laboratório de física do mundo. Nesta quinta-feira, 12, depois de três anos de um processo que parecia não ter mais fim, o Conselho Executivo do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês), deu a luz verde para que um tratado de adesão seja desenhado entre a entidade com sede em Genebra e Brasília, o que deve estar concluído em 2014. A iniciativa deve custar cerca de US$ 10 milhões por ano ao Brasil, mas abrirá as portas para licitações milionárias e formação de centenas de cientistas.
Há três anos, diplomatas brasileiros mediaram a assinatura de uma carta de intenções entre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Cern, entidade que entrou para a história com a criação da web há duas décadas e com o maior acelerador de partículas do mundo que, em 2013, assegurou a confirmação da existência do bóson de Higgs.
Em 2010, o evento com o Brasil foi comemorado como o primeiro passo para a entrada do País no centro. Mas, desde então, houve uma série de atrasos. O ex-ministro da Ciência Aloizio Mercadante, atual ministro da Educação, visitou Genebra e prometeu acelerar o processo. Em 2012, o Cern enviou uma missão para avaliar a situação do País. Há três meses, o diretor da instituição, Rolf Heuer, ironizou diante de uma pergunta da reportagem sobre o assunto. “Você sabe o que é um buraco-negro? É incompreensível a demora do Brasil em apresentar a documentação.”
Nas últimas semanas, porém, o Brasil acelerou os trabalhos enviou a documentação exigida pelo Cern, o que envolvia um inventário da ciência no País e toda a capacidade de pesquisa existente. Nesta quinta-feira, o Conselho do Cern considerou que a documentação “atende aos critérios” para a adesão como membro associado. “O conselho chegou a um acordo de que o informe sobre o Brasil atende a todos os critérios”, explicou o porta-voz do laboratório, Arnaud Marsollier. Resta a finalização e assinatura do acordo, que deve ser em 2014.
Com o acordo, as empresas nacionais poderão participar de processos de licitação de peças e serviço s que prometem movimentar milhões de dólares. Para Sergio Bertolucci, diretor de pesquisas do Cern e a pessoa encarregada de avaliar o Brasil para sua adesão, o País “tem um enorme potencial”.
A adesão do Brasil foi aprovada pelo Cern como parte de um projeto de expansão da entidade para abrir suas portas aos países emergentes. Governos como o da Turquia e Coreia já foram convidados. Há dois meses, o Cern marcou a adesão oficial da Ucrânia e o governo russo decidiu retornar à entidade. Nesta quinta, a entidade abriu as portas oficialmente para Israel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.