Depois de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuar que um navio do Greenpeace poderia ter alguma relação com o vazamento de óleo no Nordeste, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cobrou explicações e disse que Salles fez “uma ilação desnecessária”.

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No início da tarde, Salles, pelo Twitter, postou uma insinuação contra a ONG sem apresentar nenhuma prova. “Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano…”

O Greenpeace negou e anunciou que vai acionar Salles na Justiça por suas declarações. Na sequência, Maia postou também na rede social: “Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente”. Salles respondeu dizendo: “O navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar”.

Maia voltou a questioná-lo: “Ministro, obrigado pela resposta, mas o seu tuíte faz uma ilação desnecessária.”

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Logo após as afirmações do ministro, o Greenpeace respondeu por meio de nota: “Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico”. E continuou:

“Trata-se, mais uma vez, de uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação”, declarou a organização.

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O Greenpeace afirmou ainda que seu navio Esperanza faz parte de uma campanha internacional chamada “Proteja os Oceanos”, que saiu do Ártico e vai até a Antártida ao longo de um ano, denunciando as ameaças aos mares.

A embarcação, diz a ONG, passou pela Guiana Francesa entre agosto e setembro, onde realizou uma expedição de documentação e pesquisa do recife conhecido como Corais da Amazônia, com o propósito de lutar pela proteção dos oceanos e contra a exploração de petróleo em locais sensíveis para a biodiversidade marinha. No momento, segundo a organização, o navio está atracado em Montevidéu, no Uruguai.

Salles já havia batido boca pelo Twitter com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), no final da semana passada. Começou com Costa postando um informe de ações adotadas, no qual ele cobrou a presença do governo federal. “Precisamos de um posicionamento e de resoluções do Governo Federal, através da Marinha e do IBAMA, que são os responsáveis pelo cuidado com o oceano, mas continuam em silêncio”, escreveu.

Na manhã deste sábado, Salles respondeu dizendo que esteve “pessoalmente” na Bahia com equipes federais, mas que não teria visto “ninguém do governo estadual”.

No fim da tarde, o governador rebateu o ministro. “De helicóptero realmente não tinha como ver. Fazer foto e dizer que trabalhou é muito fácil. Deixe de fazer política e trabalhe”, escreveu. Costa também cobrou informações sobre as manchas. “O senhor já sabe o q causou esse gravíssimo acidente ambiental?” Por fim, o governador fez insinuação de que havia preconceito contra o Nordeste. “Além de nada, o que o senhor fez? Não quero acreditar em preconceito contra o Nordeste”, escreveu.

Também no fim de semana, Salles ironizou uma ação do Greenpeace com um vídeo editado.