Foto: Luiz Alves/Agência Camara |
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Aldo Rebelo: ?Continuo na luta, como o tigre contra o elefante?. Para ele, elefantes são os petistas e o governo. |
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), afirmou que os líderes da candidatura de seu adversário, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), querem ganhar a presidência da Casa sem disputa e sem que haja concorrente. Ele contou que depois da reunião de anteontem do PMDB, na qual os líderes decidiram apoiar Chinaglia, aliados do petista tomaram a iniciativa de pressioná-lo para desistir de sua candidatura.
?Eu creio que esse movimento indica que meus adversários desejam ganhar uma partida por W.O. Não querem um adversário em campo. Querem a volta olímpica sem jogo. Posso assegurar que isso não vai acontecer. Haverá, sim, concorrente em campo no dia 1.º de fevereiro e a eleição será disputada no plenário?, afirmou Rebelo.
?Continuo na luta, como o tigre contra o elefante. O elefante é grande e pesado, mas não tem a mobilidade do tigre. Se o tigre não parar, vai ferir e cansar o elefante até derrotá-lo?, disse Aldo. A comparação foi tomada de Ho Chi Min, líder comunista que derrotou o exército colonial da França e, depois, o dos Estados Unidos, nas duas guerras do Vietnã no século 20. Para Ho, o Vietnã era o tigre. Para aliados de Aldo, Planalto e PT são uns elefantes.
A diminuta bancada do PCdoB (11 deputados) transbordava mágoa com o Planalto na noite de terça-feira, depois da decisão do PMDB de apoiar Chinaglia. Aldo tentava estimular os camaradas e desqualificar o resultado da votação no PMDB. ?Se tudo que eles conseguiram com essa pressão foram 46 deputados numa bancada de 90, contando até voto por fax e por telefone, temos bem a metade do PMDB ao nosso lado?, calculava.
Pelo telefone, chegavam queixas sobre a atuação de ministros em favor de Chinaglia no PMDB e denúncias de troca de apoio por cargos. Um dirigente do partido, conhecido pelo pragmatismo e experiência política, resumiu: ?O PT cobrou solidariedade do governo ao seu candidato. E recebeu?.
Coordenadores da candidatura de Chinaglia esperavam a decisão do PMDB para argumentar que o petista contava com o apoio do maior partido e insistir na saída de Rebelo da disputa. Chinaglia conseguiu o apoio de 46 deputados peemedebistas da bancada de 90 deputados eleitos. Além dos presentes na votação, alguns deputados enviaram seus votos por fax.
Rebelo disse não acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceite a proposta dos líderes da campanha do seu adversário, para que seja retirada a sua candidatura à reeleição para a presidência da Casa. ?O presidente Lula me conhece há muito tempo e não aceitará qualquer tipo de proposta que tire da eleição o caráter que ela deve ter?, afirmou.
Para Rebelo, a disputa ainda está no início, apesar de seus adversários terem comemorado a decisão do PMDB como fim de partida. ?Respeito a decisão do PMDB, mas quero dizer aos meus adversários que o jogo está apenas no seu início. Não é sequer o primeiro gol da partida. Os adversários comemoraram o arremesso no início do jogo?, comentou.
Próximo passo
O candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse ontem, ao chegar a Porto Alegre, que o próximo passo de sua campanha é conquistar o apoio do PSDB. A estratégia é garantir aos tucanos uma vaga na mesa diretora, de acordo com a proporcionalidade de cadeiras que o partido tem na casa.
Enquanto isso, o grupo de parlamentares contrários a candidatura dos dois deputados da base aliada pretende lançar candidato próprio na próxima terça-feira. A informação é do deputado Raul Jungmann(PPS-PE), que representa o grupo. Jungmann disse que o terceiro candidato poderá vir de qualquer partido. A candidatura é para em primeiro lugar, ter posição, para ter valores, para resgatar, para ser contra a patifaria e ser a favor da ética e da decência. Agora, também quer competir. ?Queremos fazer asduas coisas. Acho que é possível um cruzamento entre resultado evalores. Isso é a terceira via?, disse. Entre os possíveis candidatos, Jungmann citou Luiza Erundina (PSB-SP), Fernando Gabeira (PV-RJ), ChicoAlencar (PSOL-RJ), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e José Aníbal (PSDB-SP).
