Os últimos números de desmatamento na Amazônia Legal só devem ser divulgados oficialmente na segunda-feira (19), mas o governo de Mato Grosso já contesta sua precisão. O governador Blairo Maggi (PR) disse ontem duvidar que o desmatamento tenha aumentado 60% no Estado, como afirmou na véspera o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, com base em informações do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em nota, o governo de Mato Grosso informou que os dados do Inpe serão verificados porque sempre apresentam ?distorção?.

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Para tentar conter a crise entre Minc e Blairo, a expectativa, segundo o governo de Mato Grosso, é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chame ambos para conversar nos próximos dias. Antes mesmo de tomar posse, Minc ?elegeu? Blairo como inimigo da floresta em declarações sobre desmatamento ilegal, rebatidas sempre pelo governador. O substituto de Marina Silva chegou a dizer que Blairo plantaria soja ?até nos Andes? se pudesse.

?A pressão sobre Mato Grosso é maior do que nos outros Estados, até porque temos uma agricultura muito forte e uma pecuária mais forte ainda. Mas isso também não nos dá o direito de aceitar o que está errado.? Em nota divulgada ontem, o governo de Mato Grosso abriu nova polêmica com o Inpe. ?Como acontece todas as vezes que o Inpe divulga dados sobre o desmatamento na Amazônia, a fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) sai a campo para verificar ponto a ponto os dados divulgados referentes a Mato Grosso. O trabalho dos fiscais tem mostrado que os números do Inpe apresentam uma distorção, já que, em geral, os porcentuais de desmatamento verificados in loco em Mato Grosso são menores, como o próprio Inpe já admitiu?, afirmava o texto.

Segundo a nota, a discrepância de número ocorre porque o Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), usado pelo Inpe, emite alertas de desmatamento para qualquer modificação da floresta. ?Assim, antigas áreas já desmatadas, leitos de rios, ou até afloramentos rochosos são identificados como desmatamento. Isso já foi comunicado ao Inpe para que corrija tais distorções. Diante de relatório emitido pela Sema, entregue (em março) a ministros e ao próprio presidente, o próprio Inpe admitiu que os dados referentes aos três últimos meses de 2007 não estavam corretos.? Blairo classificou os dados do Inpe como ?mascarados? e precipitados. O Inpe não quis comentar as declarações.

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