Rio (AE) – Ao contar um mês desde o desaparecimento de seus filhos, mulheres da comunidade de Vigário Geral, na zona norte do Rio, tiveram de enfrentar a violência ontem para protestar contra a falta de explicação sobre o desaparecimento de oito jovens, que teriam sido assassinados por traficantes da favela vizinha de Parada de Lucas. Traficantes de Lucas, que travam uma guerra de mais de uma década com os de Vigário, atiraram para o alto quando o grupo de mães e moradores chegou à divisa das duas favelas.
Policiais civis que acompanhavam a movimentação na tentativa de dar segurança aos moradores recomendaram que o protesto fosse feito em outro local, provocando ainda mais revolta. "Pediram para a gente sair para evitar confronto. Por que não chamam reforço, o "caveirão", um helicóptero e invadem logo esse lugar para achar os corpos? Viemos aqui para sermos recebidos a tiros e a polícia não pode fazer nada", gritava uma das manifestantes no meio da rua que liga as duas favelas, quase deserta no final da manhã. Após algumas rajadas de tiros, os policiais civis conseguiram garantir a segurança das mães para chegar à área pantanosa onde elas acreditam que foram jogados os corpos dos jovens.
De acordo com a investigação da polícia, os jovens desaparecidos tinham envolvimento com o tráfico de Vigário e foram mortos por rivais de Lucas. O delegado Carlos Henrique Machado, titular da Delegacia de Homicídios e responsável pela investigação do caso, está de férias. O delegado substituto, Luiz Henrique Marques, recusa a idéia de que a polícia esqueceu o caso. "O inquérito está sendo tocado com garra", disse.
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