Moradores de dois prédios foram mantidos reféns por três assaltantes durante cerca de cinco horas, na madrugada de hoje, na Rua Assis Brasil, em Copacabana. Os reféns só foram libertados com a chegada da mãe de um dos ladrões, que convenceu o filho a entregar a pistola.

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O engenheiro Michel Caspary e uma amiga foram rendidos pelos três homens, no Largo do Machado, zona sul. Michel foi obrigado a levar os assaltantes à casa dele, no Edifício Campos Sales, na Rua Assis Brasil. Lá, os pais do engenheiro, o capitão de mar-e-guerra Guilherme Caspary e a mulher, Clarita Caspary, foram amarrados e obrigados a entregar pertences.

Os assaltantes – Laércio da Conceição Júnior, de 20 anos, e os primos Ricardo do Nascimento Florentino, de 19, e Roberto de Aquino Florentino, de 20 – obrigaram Michel Caspary, a amiga e a mãe a ajudá-los a descer à garagem com as joias, relógios, roupas e aparelhos eletrônicos roubados. Colocaram tudo no carro de Michel, uma Pajero.

No apartamento, Guilherme Caspary conseguiu se soltar e pegou seu revólver calibre 32. Quando voltaram, Conceição Júnior viu que o homem havia se soltado, atirou em sua direção, mas errou o alvo. O oficial reagiu e feriu Ricardo Florentino de raspão no braço direito.

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Os assaltantes fugiram em direção ao terraço com Clarita, Michel e a amiga. Eles passaram para o telhado do prédio vizinho e pularam ainda para a cobertura de outro, o Edifício Maria Heloísa. Clarita, que machucou o pé ao pular de um terraço para o outro, acabou sendo deixada para trás. “Foi o pior momento: quando levaram meu filho, eu caí e não pude ir junto com ele. Ele foi e eu fiquei”, contou Clarita, emocionada, já na delegacia.

No Edifício Maria Heloísa os assaltantes invadiram a cobertura, onde estavam uma mulher, o casal de filhos e a namorada do rapaz. Todos foram mantidos no quarto sob a mira da pistola. Os criminosos também pegaram um cutelo na cozinha e ameaçaram as vítimas.

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Nesse momento, o quarteirão onde ficam os prédios já havia sido cercado por homens do 19.º Batalhão da Polícia Militar e do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Há uma guarita da PM na entrada da Rua Assis Brasil e, ao perceber que Michel havia chegado com pessoas estranhas, o porteiro, desconfiado, avisara os policiais.

Vizinhos contaram ter ouvido os criminosos ameaçando as vítimas. No apartamento ao lado, duas crianças, de 8 e 3 anos, esconderam-se embaixo da cama. As luzes chegaram a ser apagadas pelos assaltantes. “Foram momentos de muita tensão. Passamos quase cinco horas no quarto, amarrados. Graças a Deus, o Bope negociou perfeitamente”, disse Michel.

Os criminosos exigiram a presença da imprensa e das famílias para se entregarem, o que aconteceu por volta das 7 horas. A mãe de Ricardo, Maria (nome fictício), de 38 anos, saiu de casa com a filha de 10 meses. O comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique de Azevedo Moraes, disse que foi o momento de maior tensão – ela queria entrar no quarto onde os assaltantes estavam com os reféns. Foi convencida a fazê-los entregar a pistola primeiro.

De acordo com o delegado Antenor Martins, da 12.ª Delegacia de Polícia, os três rapazes já tinham antecedentes criminais. Roberto Florentino estava em liberdade condicional por roubo e furto. Ricardo Florentino estava em liberdade assistida e trabalhava no Fórum como mensageiro por ter sido apreendido por roubo de celular e furto de rádio de carro, quando ainda era menor de idade. Os três assaltantes foram indiciados por tentativa de homicídio e roubo triplamente qualificado – emprego de arma de fogo, concurso de pessoas e privação de liberdade das vítimas. Podem ficar presos por até 20 anos.