São Luís (AE) – A cozinheira Rita de Cássia Gomes da Silva, mãe de Johnnatan Silva Vieira, supostamente assassinado pelo mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito,em 2003, depôs ontem no segundo dia de julgamento dele no Maranhão. ?Eu não tenho medo dele. Se eu disser que tenho, vou estar privilegiando ele (sic), e isso eu não quero fazer?, disse, dirigindo-se a Chagas como ?monstro?. ?O nome dele eu não falo. Só chamo de monstro, porque isso é o que ele é?, disse Rita. Chagas, considerado o maior serial killer do Brasil, é acusado de matar 42 meninos no Pará e no Maranhão.
O depoimento de Rita tomou pouco mais de uma hora ontem cedo. Ela não poupou detalhes ao contar da noite em que o filho sumiu e admitiu ter agredido Chagas. ?No dia em que meu filho sumiu, fui à delegacia dar queixa. Os policiais foram atrás do Chagas e ele ficou sorrindo. Eu disse para ele não rir, porque eu era capaz de tudo. E tentei agredir ele mesmo, eu admito. Não minto?, admitiu Rita.
Rita afirmou também que não tinha notícia de relações de amizade entre Chagas e seu filho. Ao contrário de vários casos relatados em que Chagas chegou a se tornar íntimo da família, Rita disse que sequer conhecia o mecânico. ?Eu nem sabia que ele existia.?
O advogado de Defesa, Erivelton Lago, não fez perguntas a Rita. Segundo ele, a Defesa de Chagas manterá a política de não fazer perguntas às mães das vítimas. ?Ela já vem para cá sofrendo, está nervosa, chateada. Não faz sentido bombardeá-la com perguntas, só para mostrar serviço?, explicou.
Segundo o promotor de justiça Emanoel Soares, as declarações emocionadas da mãe não interferirão no ânimo dos jurados, nem no desfecho do processo. O julgamento começou segunda-feira e deve terminar hoje.