A enfermeira Graciele Ugulini, de 32 anos, disse à polícia que a morte do enteado Bernardo Uglione Boldrini foi acidental, por ingestão de dose errada de medicamentos dados por ela, e isentou o pai do menino, o médico Leandro Boldrini, de 38 anos, de qualquer culpa no episódio, durante depoimento prestado ontem na Penitenciária Modulada de Ijuí, no noroeste do Rio Grande do Sul.
As informações, repassadas à imprensa por fontes que tiveram acesso ao depoimento, não foram detalhadas nem comentadas pela polícia. O depoimento reforça a tese que os advogados de defesa dos três suspeitos do crime vêm sustentando nos últimos dias.
Bernardo foi encontrado enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, cidade a 80 quilômetros da casa da família, localizada em Três Passos, em 14 de abril, dez dias depois de desaparecer.
A investigação policial indicou até agora que,no dia 4 de abril, o menino foi visto embarcando em um automóvel na companhia da madrasta, Graciele, e de uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, que voltaram sozinhas ao centro de Frederico Westphalen. Um laudo da perícia confirmou que substâncias do sedativo Midazolam foram encontradas no corpo de Bernardo.
Desde o dia da descoberta do corpo, o pai, a madrasta e a assistente social estão presos. Graciele permanece na Penitenciária Modulada de Ijuí. Os outros dois foram transferidos de presídios da mesma região para cidades próximas de Porto Alegre nesta semana porque estariam sofrendo ameaças de outros detentos. Leandro está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas e Edelvânia em um presídio feminino de Guaiba.
Negócios
O advogado de Graciele, Vanderlei Pompeo de Mattos, disse, depois do depoimento da cliente à polícia, que a morte de Bernardo não foi premeditada e que a viagem da enfermeira a Frederico Westphalen no dia do crime foi feita para tratar de negócios.
O defensor de Leandro, Jáder Marques, vem sustentando desde que assumiu o caso que o médico é inocente. O representante de Edelvânia, Demetryus Eugenio Grapiglia, reitera que a assistente social “não tem participação no delito homicídio, apenas na ocultação do cadáver”.
A delegada Caroline Bamberg Machado sustenta que o pai, a madrasta e a assistente social estão envolvidos com o crime, mas ressalva que falta esclarecer qual foi a participação de cada um. A conclusão do inquérito depende da tomada de mais alguns depoimentos e dos laudos da perícia, que está analisando material colhido no corpo, na cova e nos automóveis dos suspeitos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.