O empresário João Lyra entregou ao Conselho de Ética memorial que relata com detalhes a história de um suposto pagamento de R$ 500 mil, a título de ‘pedágio’ para facilitar a regularização pelo Senado da concessão de uma rádio, ao então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). A rádio foi comprada por Lyra de um pastor evangélico para suprir a perda de uma outra emissora, que teria ficado com Renan no momento em que os dois dissolveram uma sociedade oculta – a JR.

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A denúncia é um dos pontos mais contundentes do memorial com 14 páginas entregue ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator, no Conselho de Ética, da quarta representação contra Renan, que investiga uma eventual sociedade entre ele e Lyra em empresas de comunicação em Alagoas.

O suposto pagamento teria sido feito a um intermediário, o empresário Tito Uchoa, apontado por Lyra como o representante de Renan. No jargão das transações ocultas, Uchoa seria o laranja que, conforme o memorial, recebeu a quantia em parcelas em nome do peemedebista.

A confirmação da renovação ocorreu em 2005, quando Renan já presidia o Senado. Lyra, que já mencionara o caso ao corregedor da Casa, Romeu Tuma (PTB-SP), teria adquirido uma rádio mais barata, mas com a concessão vencida.

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Se confirmada a denúncia, o relator Péres pode pedir no Conselho de Ética a cassação do senador por quebra de decoro. O principal assessor de comunicação de Renan, que se licenciou da presidência em 11 de outubro, não foi encontrado para comentar a denúncia.