Lula com os ministros: socorro |
Brasília – Já está confirmado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva virá aos estados do Sul, começando pelo Rio Grande do Sul, depois Santa Catarina e Paraná, no prazo de uma semana. O objetivo da visita é anunciar as medidas que o governo federal vai elaborar no decorrer desta semana através de um grupo formado por onze ministérios e representantes de entidades ligadas à agricultura familiar, além de ver in loco a situação dos agricultores que sofrem com a seca, que mais uma vez castiga a região.
A decisão foi anunciada na audiência solicitada pelo Núcleo Agrário do PT na Câmara, do qual o deputado federal Assis Miguel do Couto (PT-PR) é coordenador-adjunto. Nesta semana uma série de audiências organizadas pelo Núcleo foi o espaço de debate entre o governo federal, representantes de entidades e parlamentares, que falaram da situação e direcionaram as ações a serem definidas.
Segundo o deputado Assis, que vai intermediar a organização da visita, no Paraná o presidente deverá visitar Francisco Beltrão, um dos municípios-pólos da Região Sudoeste, onde a situação é mais crítica. A definição de estar no foco do problema, e não somente passar pelas capitais dos estados atingidos, foi do próprio presidente Lula. Ele reafirmou que está consciente da situação e que quer medidas concretas para o problema no prazo de, no máximo, uma semana. (Mais informações sobre a estiagem no Paraná estão na página 25).
Rio Grande do Sul
O número de prefeituras que decretaram situação de emergência por causa da estiagem no Rio Grande do Sul chegou a 404 ontem, com a inclusão de Itacurubi, Alegrete, Cacequi, Novo Cabrais, Alegria e Formigueiro. Ao mesmo tempo, 52 municípios tiveram de recorrer ao racionamento de água. Somente 92 municípios do Estado ainda não comunicaram anormalidades à Defesa Civil desde que a chuva se tornou escassa em dezembro do ano passado. O governador Germano Rigotto(PMDB) anunciou a liberação de R$ 5,1 milhões para construção emergencial de redes de canalização de água em 221 municípios e de R$ 2,9 milhões para a construção de açudes. Também vai prorrogar o prazo de quitação de financiamentos concedidos aos pequenos agricultores que tinham vencimento neste ano.
O governo gaúcho começou a distribuir ontem quase 500 mil frascos de hipoclorito de sódio às prefeituras do interior. O material será usado para desinfetar água de banhados, açudes e de outras fontes do meio rural para consumo humano.
Hoje, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, reúne-se com a Via Campesina no município de Cruzeiro do Sul para discutir reivindicações sobre medidas de emergência para apoiar os pequenos produtores e verificar os prejuízos que ocorrem em propriedades rurais da região.
?A Defesa Civil já vistoriou 320 municípios, confirmando os danos. Cento e oitenta e seis deles já tiveram a situação de emergência reconhecida pelo governo do Estado, dos quais 177 já tiveram seus processos encaminhados a Brasília. O racionamento de água nos 52 municípios já atinge um milhão 346 mil habitantes?, informou ontem o coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Reuvaldo Vasconcellos.
Milho tem queda de 45% na produção
Porto Alegre – Os estragos para a agricultura gaúcha também já são muito expressivos. De acordo com o gerente técnico estadual da Emater do Rio Grande do Sul, Dirlei Matos de Souza, o milho é a cultura mais atingida, com uma queda de 45% na produção esperada, o que pode terminar prejudicando não apenas seus produtores, mas também os criadores de aves e suínos. A soja, o produto agrícola mais importante do Estado, está com uma queda de produção de 35,2%, enquanto que o arroz, cuja colheita começou a ser realizada no último final de semana, por ser irrigado, sofre menos e está com uma quebra de apenas 3,5%. A produção de leite, segundo Dirlei, também já apresenta uma queda de 20%.
?Os estragos podem continuar crescendo, principalmente nas lavouras de soja. Neste momento elas estão em fase de floração e enchimento de grãos, quando as chuvas são essenciais. Se não chover nos próximos dias a situação pode ficar ainda mais grave?, destacou ele.
Mas, segundo Eugenio Hackbart, coordenador da Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo, a situação de chuvas pode começar a se normalizar na próxima semana, entre terça e quinta-feiras.
?Nesta época começam a chegar ao estado massas de ar frio de origem polar, responsáveis por chuvas mais regulares. Com isso deveremos ter na próxima semana chuvas mais intensas que, em alguns lugares, podem chegar a precipitações de 50 mm. A tendência é que a situação comece a se normalizar a partir de agora?, antecipou Eugenio. A partir da segunda quinzena deste mês, durante todo o mês de abril e início de maio, disse ele, ocorrerão chuvas intensas em todo o estado.
?Mas maio voltará a ser um mês seco, como costuma ocorrer historicamente?, explicou o coordenador da Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo.