Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se com a bancada do PMDB na Câmara Federal em mais uma tentativa de segurar o partido na base aliada.
Os ministros Amir Lando, da Previdência, e Eunício Oliveira, das Comunicações, defenderam ontem o cancelamento da convenção do PMDB, marcada para o dia 12 de dezembro, que vai decidir se o partido deve continuar na base do governo.
Eunício disse que, se houver a convenção, o partido vai ficar rachado e isso não é bom para o futuro da legenda. Apesar de afirmar que não houve sequer votação no partido para decidir pela convocação da convenção, Eunício disse que não é caso de questionar juridicamente o encontro e por isso vai procurar uma solução negociada. Os dois ministros admitem que essa reunião vai ser mais tumultuada que o encontro de Lula com os senadores do partido porque o maior foco de tensão está na Câmara.
Os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Michel Temer (SP), presidente do PMDB, favoráveis ao rompimento, já avisaram que não vão participar do encontro.
Favorável à permanência do PMDB na base, o líder do partido na Câmara, José Borba (PR), que comanda o encontro da bancada com Lula, disse que a nova pasta que o PMDB deve receber do governo tem que ter correspondência com a importância do partido. Ele deixou claro o perfil do novo ministério: "Tem que ser caneta, tinta e conta cheia", resumiu.
Os peemedebistas já demonstraram que ficariam satisfeitos com o Ministério das Cidades, hoje ocupado por Olívio Dutra, ou da Integração Nacional, de Ciro Gomes.
Posição única
Já o presidente do Senado, José Sarney, que quer continuar no governo, vai ao encontro, que será realizado na casa de Eunício. Ele disse ontem ser contra a convocação da convenção do PMDB, marcada para o dia 12 de dezembro, quando o partido deve decidir se fica ou não no governo. Sarney afirmou que o ponto de vista do presidente do partido, Michel Temer, favorável ao rompimento com o governo, não representa a posição do PMDB. Segundo ele, 17 diretórios do partido já teriam se manifestado contra o afastamento do governo.
Presidente cobra agressividade
Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou aos ministros do PT – e, por extensão, a todo o partido – que sejam mais ofensivos e ousados na defesa do governo e dos programas. Assim, disse, a legenda terá as condições para sair vitoriosa das eleições de 2006. Embora não tenha feito comentários sobre isso, Lula deverá ser candidato à reeleição. A reunião com 17 dos 18 ministros petistas ocorreu anteontem à noite, na residência oficial do Torto.
Dela, participou também o presidente nacional do PT, José Genoino. "A conclusão é que o partido tem de ser mais ofensivo e, ao mesmo tempo, ajustado às ações do governo. Em suma, o PT tem de militar, tem de atuar da forma que atuava quando era oposição, aguerrido", disse. Para Genoino, do encontro com o presidente ficou a conclusão de que quanto mais a sigla estiver ajustada e informada a respeito das ações da administração federal, dos projetos e das estratégias, mais forte ficará.
"Temos de ter orgulho do governo Lula, que tem um programa social de distribuição de renda jamais igualado no País, que fez as reformas da Previdência e tributária, entre outras coisas. É isso que temos de divulgar."
Cunha defende abertura
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), sinalizou que o PT deve abrir mão de ministérios do governo Lula para agradar outros partidos da base aliada. "O PT já tem o presidente da República, que já é o bastante", disse. João Paulo admitiu que o governo necessita de "outras forças". "Cada força proporcional ao seu tamanho tem que ter sua representação", afirmou. Atualmente, o PT ocupa 18 ministérios.
Na sexta-feira, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que o partido está disposto a "abrir espaço" para a base aliada no primeiro escalão. O senador voltou a repetir o mesmo discurso nesta terça. O PMDB deve ser a legenda mais agraciada na próxima reforma ministerial, provavelmente em fevereiro de 2005. O partido ocupa hoje dois ministérios, Previdência e Comunicações, mas reivindica mais espaço no governo.
Corte
Ontem, disposto a garantir a qualquer preço as votações na Câmara, interrompidas há mais de dois meses, o presidente da Câmara voltou a ameaçar os deputados de corte nos subsídios dos que se negarem a marcar presença em plenário.