Lula teme ser julgado nas eleições de outubro

Os políticos dizem que quando acaba uma eleição, a primeira coisa em que se pensa é na próxima. Quando o eleitor escolher os novos prefeitos, em outubro, dificilmente vai imaginar que seu voto poderá influenciar na escolha dos concorrentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Mas os resultados das urnas serão determinantes no arranjo das forças políticas que estarão ao lado de Lula e do PT na briga da reeleição.

Lula evitará ao máximo os palanques, mas sabe que ataques virão de todos os lados. Por isso, monta uma tropa de choque para responder a tudo e evitar a vinculação de eventuais derrotas com o governo federal. ?As eleições de 2004 serão importantes para 2006. Se o PT sair fortalecido agora, como ocorreu em 2000, terá avançado para a eleição presidencial?, admite o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos mais requisitados cabos eleitorais do partido.

O comando político do governo trabalha para que a oposição não consiga transformar outubro numa prévia da disputa presidencial de 2006. O presidente do PT, José Genoino, rejeita a idéia de que o governo será julgado e tenta enfatizar o caráter local da eleição. ?Não haverá um plebiscito. Nem nos grandes centros. O PT não vai fugir aos temas nacionais na campanha, mas a eleição é local?, insiste ele. A avaliação de Genoino, contudo, não é unânime no PT. O deputado Paulo Delgado (MG) acredita que estará em jogo a visão de como o governo atua na cidade. ?Não há saída. Será uma avaliação do governo Lula?, diz Delgado.

Abertas as urnas, a administração petista estará, aí sim, mais que nunca na berlinda. A partir desse momento, como explica o cientista político João Francisco Meira, do Instituto Vox Populi, há um marco psicológico para o eleitor, ao perceber que metade do mandato foi consumida. Diminui a tolerância com os erros e começa a haver um balanço concreto das ações. ?Em novembro, acaba o período de expectativa e se inicia o de cobrança de resultados. As pessoas vão começar a pensar se mantêm ou trocam o governo, mas isso vai ocorrer independentemente de quem ganhar ou perder a eleição municipal?, avalia.

Analistas observam que eleições municipais, principalmente nas grandes cidades, são uma espécie de teste para o governo federal. O cientista político Antônio Lavareda, da empresa de consultoria MCI, classifica o pleito de ?eleições intermediárias?. ?Nos pequenos municípios, o partido do governo acaba sendo beneficiado. Mas nos grandes centros, a eleição municipal costuma ser uma luz para o pleito presidencial?, analisa.

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