O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o trabalho feito em onze meses é tão satisfatório quanto se fosse feito em quatro anos por algum outro ocupante do cargo. Lula fez um balanço otimista de seu governo durante discurso no almoço de fim de ano com oficiais-generais das Forças Armadas, em Brasília.
O presidente destacou a recuperação da credibilidade do País no exterior, além da confiança que conquistou nos setores da economia brasileira, durante balanço do primeiro ano de governo, num almoço no Clube do Exército, com oficiais das Forças Armadas. Lula salientou também as reformas tributária e da Previdência. ?A nau que muitos imaginavam que fosse afundar nos primeiros meses de 2003 não só não afundou como está navegando numa velocidade muito rápida para um futuro ainda mais promissor?, disse.
Em discurso de improviso, ele disse que a administração federal venceu a primeira batalha, referindo-se ao primeiro ano de gestão. Lula lembrou que o risco-Brasil, no início do mandato, chegou a 2.400 pontos e que agora é de 500 pontos; que a inflação prevista era de 50% e hoje deverá chegar a 6%, e que o Brasil não tinha um dólar sequer para financiar as exportações e deverá terminar o ano com um saldo comercial de US$ 24 bilhões.
O presidente falou também de ?gente bem-intencionada? dos mais diferentes setores da sociedade, que diziam, no início do mandato, que o Brasil não tinha jeito. ?Muitos achavam que o Brasil estava quebrado e nós não conseguiríamos consertar nosso querido País.? Para Lula, o Poder Executivo conquistou a confiança de setores empresariais, sem perder a de esferas sociais.
O presidente abordou as negociações feitas pelo Ministério das Relações Exteriores no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e do G-20 (grupo dos países em desenvolvimento da América Latina, África e Ásia). Segundo Lula, a viagem que fez ao Oriente Médio foi para dizer ao mundo árabe que o Brasil não apenas quer dar a contribuição à paz, mas fazer negócios e trocar experiências com os países da região.
Promulgação das reformas já está marcada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que as reformas da Previdência e tributária serão promulgadas na sexta-feira. ?Se Deus quiser, vamos participar no Congresso Nacional da promulgação dessas duas reformas, uma vitória do nosso governo?, disse Lula após a entrega da Ordem do Mérito da Defesa a 125 personalidades, em Brasília.
O presidente afirmou que está mais otimista agora, após 11 meses de governo, do que quando assumiu a Presidência. Segundo ele, em apenas um ano o Brasil recuperou sua credibilidade interna e externa. ?Hoje, o Brasil está sendo respeitado como merece. Em apenas um ano, reconstruímos a esperança do Mercosul. O País tem espaço a ocupar no mundo globalizado?.
Sobre a economia brasileira, o presidente Lula disse que o país deu um grande passo em 2003. ?No próximo ano, queremos dar um passo ainda maior. Fazer mais e não errar. Vou cumprir nos próximos três anos cada palavra que assumi durante a campanha?, garantiu Lula.
Balanço será feito em pronunciamento na sexta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um pronunciamento à nação na sexta-feira para prestar contas do primeiro ano de administração. A informação foi dada pelo ministro da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken.
O ministro anunciou também que será lançada uma revista com um balanço do governo. Ainda não foi definida a tiragem, mas Gushiken garantiu que será em número suficiente para distribuição a lideranças sindicais e comunitárias, prefeituras, estados e secretarias. ?Ainda não sei que nível de publicidade terá, mas vamos fazer a revista, como qualquer instituição que precisa fazer uma prestação de contas junto ao público pelo qual é responsável?, disse o ministro.
O ministro lembrou que a consolidação dos principais pontos da administração é importante, inclusive para militância do Partido dos Trabalhadores. ?A revista pode ajudar a sistematizar, ordenar e facilitar a compreensão da gestão de governo?.
Sobre a reunião ministerial que será realizada na quinta-feira, Gushiken esclareceu que o encontro servirá também para prestação de contas e que a reforma ministerial não faz parte da pauta, mas é um tema que o presidente ?pode avocar a qualquer momento?.
Em relação a avaliação do governo este ano, o ministro afirmou que a principal análise que deve ser feita é a do povo e este tem mostrado, por meio das pesquisas, que está ?contente com o governo?. O povo, observou Gushiken, reconhece que este foi um ano difícil, de muito sacrifício, mas os problemas maiores foram resolvidos.
Presidente diz que foi garimpar no Oriente Médio
O presidente Lula usou ontem o seu programa quinzenal de rádio Café com o Presidente, transmitido pela Radiobrás, para explicar a viagem ao Oriente Médio e Norte da África e defender a ampliação das exportações brasileiras no próximo ano. Lula classificou sua viagem por cinco países árabes – Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia – como uma ?garimpagem? de novos mercados para os produtos nacionais.
?Essa nossa viagem é como se fosse uma garimpagem, ou seja, você vai garimpar os espaços para que os produtos brasileiros possam entrar nesses países, a gente possa fazer grande relação comercial, possa desenvolver a nossa indústria e gerar empregos e riqueza aqui no Brasil.?
O presidente voltou a defender a ampliação das exportações do País, segundo ele, uma das formas para ?gerar empregos e dólares para o Brasil?. ?Eu tomei a decisão: ao invés de ficar aqui no Brasil esperando as coisas acontecerem, eu resolvi fazer as coisas acontecerem colocando os pés no chão dos países árabes, da África, e quero fazer com que o Brasil seja mais ousado, com que o Brasil seja mais lutador pelos seus direitos.?
Lula também disse que o ?garimpo? para a construção de novas relações comerciais inclui uma viagem à Índia, em maio de 2004, e a visita do presidente russo, Vladimir Putin. ?Pretendo ver se trago o presidente da Rússia aqui no Brasil, porque nós queremos construir uma nova relação comercial entre os países que têm similaridades, entre países em desenvolvimento.?
Prisão de Saddam é fato importante
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que a prisão do ex-ditador Saddam Hussein é um fato importante que pode contribuir para uma nova fase de transição democrática no Iraque. O presidente Lula recebeu um telefonema de Bush às 10h30. Os dois presidentes conversaram por 15 minutos.
A iniciativa do telefonema partiu do presidente norte-americano, que queria cumprimentar o presidente Lula pelos êxitos nacionais e internacionais do seu primeiro ano de governo, informou o porta-voz da Presidência, André Singer.
Durante a conversa, segundo Singer, os dois presidentes trocaram impressões sobre a América do Sul, Oriente Médio e as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Lula reafirmou a Bush o compromisso do governo brasileiro no fortalecimento do processo democrático do continente.
Sobre o Oriente Médio, o presidente Lula fez comentários de sua recente viagem. Ele disse a Bush que tratou de temas comerciais e também que expressou aos dirigentes árabes que encontrou as preocupações do Brasil com a paz no Oriente Médio. O presidente norte-americano, segundo André Singer, disse a Lula que considerou positiva a iniciativa brasileira e diz compartilhar da mesma preocupação da paz naquela região.
André Singer disse ainda que os dois presidentes analisaram também o andamento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Lula e Bush constataram que a despeito das diferenças existentes, as negociações têm avançado positivamente.
Ao final do telefonema, os dois presidentes trocaram cumprimentos de feliz Natal e feliz 2004, e combinaram de se reencontrar na Cúpula Extraordinária das Américas, que será realizada nos dias 12 e 13 de janeiro na cidade de Monterrey, no México.