O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em cerimônia no Palácio do Planalto que sancionou o reajuste de 9% no salário dos servidores federais, que os políticos brasileiros, enquanto profissionais, são “honestos”.
Na avaliação de Lula, a “mania de desacreditar” a política levou à eleição do ex-presidente Jânio Quadros, que chegou ao cargo defendendo “varrer” a corrupção e acabou renunciando, e à ascensão de Jair Bolsonaro, a quem classificou de “genocida” e “golpista”.
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“A sociedade tem essa mania de desacreditar na política”, declarou o presidente nesta sexta-feira, 28. “Essa antipolítica que levou Jânio Quadros ser eleito com a vassourinha e esse genocida golpista. Se tem uma profissão honesta é a do político.”
Segundo Lula, a política é a única profissão que tem “concurso” público a cada quatro anos, sendo necessária uma nova aprovação para que o parlamentar ou chefe de Executivo seja eleito. O presidente ainda criticou a forma como são feitos protestos atualmente no País, com xingamentos e agressões. “É preciso aprender a conversar com deputados, senadores e com os governantes. Precisamos de diálogo”, afirmou.
Durante o discurso, no qual se comprometeu a abrir novos concursos e promover melhorias na remuneração dos servidores, Lula admitiu não acreditar na possibilidade de fechar um acordo “unânime” entre governo e funcionalismo.
Não é a primeira vez que Lula atribui honestidade a políticos e servidores públicos. Ainda em 2016, uma declaração similar do ex-presidente em São Paulo gerou polêmica e alimentou fake news. “Eu de vez em quando falo que as pessoas achincalham muito a política, mas a profissão mais honesta é a do político, sabe por quê? Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e tá com um emprego garantido para o resto da vida”, disse na ocasião, o que provocou protesto de concursados.
Apesar de criticar a desvalorização da política, o petista costuma ter uma leitura muito ácida dos outros partidos do que do próprio PT. No início do ano, em entrevista à CNN, ele desdenhou de todas as demais legendas, sem distinguir inclusive aquelas que fazem parte de seu atual governo. “Não existe partido político no Brasil. O único partido com cabeça, tronco e membro é o PT. O PT não é uma coisa qualquer, é um partido político. O restante é uma cooperativa de deputados que se juntam nas eleições”, disse o petista.