O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o grupo governista do PMDB fizeram um pacto para aprovar a emenda que acaba com a verticalização, regra que condiciona as alianças nos estados à coligação para presidente. O acordo, que abre caminho para uma coligação nacional entre PMDB e PT na sucessão presidencial, foi acertado após duas horas de reunião na noite de quinta-feira, em que foi feita uma avaliação da situação eleitoral em todos os estados.
O presidente do PT, José Genoino, fez um mapa da posição de sua bancada na Câmara, dividindo-a entre os deputados favoráveis e os contrários à manutenção da verticalização. No fim da reunião, recebeu a tarefa de conversar com os petistas que querem a verticalização, como Miro Teixeira (RJ), para garantir a mudança de posição do partido. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também foi incumbido de ajudar na mudança de posição do PT, único partido da base que defendia a verticalização.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador José Sarney (AP) e os líderes José Borba (PR) e Ney Suassuna (PB) mostraram ao presidente que, se a verticalização for mantida, o PMDB não terá condições de fazer uma aliança nacional com o PT para apoiar a reeleição de Lula. Lula foi convencido de que a verticalização colocaria obstáculos numa aliança entre os peemedebistas e os petistas para sua reeleição em razão da incompatibilidade política entre as legendas em alguns estados.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, e o chefe da Casa Civil, José Dirceu, também propuseram o fim da verticalização, argumentando que a mudança na lei é conveniente para garantir uma ampla aliança em 2006.
Lula concordou com os ministros e o PMDB e deu sinal verde para mudar a legislação. "Chegamos todos à conclusão de que, mantida a verticalização, as conversas com o PMDB não iriam adiante e não haveria acordo para a eleição presidencial", disse Suassuna. E, depois, acresceutou: "se não tiver isso (o fim da verticalização), não começa o namoro. É o primeiro passo para o encontro no cinema".
O relatório da situação eleitoral nos estados revelou que em 12 deles não há problemas políticos que impeçam uma aliança entre os dois partidos. Nesses estados, as conversas para a formação de uma chapa conjunta já estariam em andamento. Em quatro estados, as dificuldades são consideradas médias, entre os quais Pernambuco, do governador Jarbas Vasconcelos. Outros sete estados foram classificados de muito difíceis, como o Rio de Janeiro. Quatro estados estão na categoria de que é impossível um acordo eleitoral: Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima e Distrito Federal.
Enquanto isso, o PSDB, principal adversário do PT nas próximas eleições, segue dividido: a direção do partido é a favor da verticalização e, no entanto, boa parte dos tucanos na Câmara e nos Estados e municípios é contra a obrigatoriedade.