São Paulo – O ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva passará o seu primeiro Dia do Trabalho como presidente da República rezando em eventos promovidos pela Igreja Católica, longe das grandes manifestações sindicais neste 1.º de maio. Logo cedo, por volta das 8h45, Lula chega à Igreja Matriz de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um evento tradicional, do qual o ex-sindicalista já participou por dezenas de vezes. A missa dos trabalhadores em São Bernardo do Campo, denominada de “a esperança é fruto de nossa resistência”, será celebrada pelo arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes. Dom Cláudio era arcebispo de Santo André, responsável pela Diocese de São Bernardo, no final da década de 70 e início da década de 80, quando Lula era o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e por inúmeras vezes deu refúgio a Lula e outros sindicalistas que eram perseguidos pela polícia da ditatura militar.

Em 1980, o Primeiro de Maio na Igreja Matriz de São Bernardo foi celebrado sem a presença de Lula, que estava preso no Doi-Codi, em São Paulo, sob a acusação dos militares de subverter a ordem pública com as greves dos metalúrgicos do ABC que paralisaram as principais montadoras de veículso. A atuação de Lula foi responsável pelo início da derrubada do regime militar, que levou o país à redemocratização em 1985, com a eleição de Tancredo Neves para a presidência da República. Depois da missa, Lula volta para seu apartamento em São Bernardo do Campo, onde almoça com familiares e amigos.

Ao final da tarde, por volta das 18h40, Lula chega a Itaici, para a 41a. Assembléia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB). Lula janta com a direção da CNBB e participa de um debate com os 305 bispos brasileiros. É a primeira vez que um presidente da República participa de uma assembléia da CNBB em 50 anos de fundação da entidade.

Intelectuais do PT reagem à Alca

São Paulo – Um grupo composto por dezenas de intelectuais ligados ao PT enviou ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma carta aberta pedindo que o presidente não renuncie à nossa soberania no caso da negociação para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e no caso da autonomia do Banco Central, em que pesem as dificuldades financeiras do país. O documento, que é assinado por intelectuais que sempre apoiaram Lula, como Chico Buarque, Leonardo Boff, Marilena Chauí, Oscar Niemeyer e dom Paulo Evaristo Arns, entre outras dezenas de amigos do presidente, pede que o mandatário convoque um plebiscito para decidir sobre essas duas questões que afetem a soberania do país.

“A Alca exporá nossos produtores industriais, agrícolas e de serviços a uma concorrência absolutamente desigual, cuja primeira conseqüência será a desnacionalização do nosso parque produtivo. Já a autonomia do BC implica a entrega do controle da nossa moeda aos capitais externos e, portanto, a renúncia ao projeto nacional”, -diz o documento assinado pelos intelecutais.

Os intelectuais, contudo, reconhecem que a situação financeira do país é delicada e que a globalização “provocou modificações substantivas na economia mundial e que será muito difícil desenvolver o país sem participar de algum modo da comunidade financeira internacional.

“Contudo, esses constrangimentos não podem signficiar renúncia à nossa soberania. O plebiscito ensejaria um grande debate nacional sobre os dois temas, dando assim fundamento a uma decisão verdadeiramente democrática sobre os mesmos”, -sugere a carta aberta a Lula.

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