O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou a proposta do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de construir uma alternativa em nível mundial para o combate à mudança climática. Numa entrevista publicada nesta segunda-feira (4) pelo jornal britânico "The Guardian", Lula afirmou que os EUA deveriam trabalhar com a Organização das Nações Unidas (ONU) ao invés de montar um grupo paralelo. "A posição brasileira é clara", afirmou o presidente. "Eu não aceito a idéia de que temos de formar outro grupo para discutir as mesmas questões que já foram discutidas em Kyoto e que não foram resolvidas".
Bush propôs que os EUA e um grupo de outros 12 países tenham uma série de reuniões até o fim de 2008 – antes do fim do mandato do presidente norte-americano – a fim de estabelecer metas de longo prazo para a redução de gases do efeito estufa. A lista de países participantes dessas rodadas de discussão ainda não foi definida, mas provavelmente incluiria Brasil, China, Índia, Rússia, Canadá, Japão, Austrália, Coréia do Sul e a União Européia.
Lula disse que ainda não havia sido consultado sobre a proposta e pediu que os EUA trabalhem dentro da estrutura já existente de acordos sobre a mudança climática, como o Protocolo de Kyoto. "Se já existe um fórum multilateral que toma uma decisão democrática, deveríamos obedecer a estas regras, (em vez de) simplesmente dizer, eu não concordo com Kyoto e vou desenvolver outra instituição", declarou Lula.
A reação internacional à proposta de Bush, porém, tem sido amplamente favorável, a começar pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que manifestou a esperança de que a iniciativa venha reforçar, ao invés de substituir, os esforços da organização. A Casa Branca disse que a proposta visa a complementar o empenho internacional para combater a mudança climática.
Os diplomatas já trabalham em um novo acordo para substituir o de Kyoto, que termina em 2012. A idéia é finalizá-lo antes da Convenção da ONU sobre a Mudança Climática, que ocorre em Bali, na Indonésia, em dezembro. Na ocasião, a ONU espera lançar as negociações formais de um novo tratado. As informações são da Dow Jones.