O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (9), em Hokkaido, no Japão, que na reunião de cúpula do G-8 do ano que vem, na Itália, os líderes dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia negociem com as economias em desenvolvimento a adoção de metas de redução das emissões de gases do efeito estufa com base em "dados numéricos confiáveis". No encontro desta quarta entre o G-8 e o G-5 – grupo formado por África do Sul, Brasil, China, Índia e México -, Lula tentou convencer seus parceiros a aderir à proposta ao apresentar dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que mostram os Estados Unidos na liderança das emissões de gás carbônico (CO2) em 2005, com 21 13% do total despejado na atmosfera.
Quando Lula expôs seus números, a posição do G-8 já havia sido expressa em documento emitido no dia anterior. Em um passo extremamente tímido, o texto do G-8 apenas "recomenda" que, na convenção das Nações Unidas que substituirá o Protocolo de Kyoto seja definida a meta de redução de pelo menos 50% das emissões globais até 2050. A negociação dessa convenção deverá ser concluída até o final de 2009, e os seus termos começarão a ser acatados a partir de 2012.
O máximo que Lula pôde colher foi a curiosidade dos presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Nicolas Sarkozy, de saber as posições do ranking. Realizado com base em monitoramento por satélite, o levantamento da Embrapa apontou que, em 2005, o mundo todo emitiu 28,2 bilhões de toneladas de CO2. A China, no segundo lugar no ranking, foi responsável por 18,9% das emissões. A Rússia veio em seguida, com 6,0%, e o Brasil ficou em 18º lugar, com 1,28% – porcentual equivalente a 360,6 milhões de toneladas.
China e Índia
Entretanto, os dados expostos por Lula igualmente provaram que o somatório das emissões da China e da Índia alcançou 6,5 bilhões de toneladas em 2005 – volume superior ao dos Estados Unidos, de 5,9 bilhões de toneladas. China e Índia, juntas, emitiram 23,0% do total, segundo o levantamento da Embrapa.
A rigor, os números reforçam os argumentos de Washington de que possíveis metas sejam adotadas também pela China e pela Índia, os grandes emissores do mundo em desenvolvimento. Para Lula, em vez de cortes das emissões de CO2, esses países merecem apoio para a modernização de seus modelos de expansão econômica. "Ainda não se sabe ao certo a responsabilidade de cada país na redução do porcentual de redução da emissão de gás carbônico. Por isso, temos de tomar decisões com base em números confiáveis", afirmou Lula.