Brasília – No esforço de levar o PMDB para a base do governo no Congresso, o senador Paulo Paim (PT-RS) procurou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) para falar do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vê-lo à frente da liderança do governo no Congresso. “Mas como poderíamos assumir a liderança de um governo do qual não fazemos parte?”, questionou Renan Calheiros (PMDB-AL), repetindo a ponderação que fizera a Dirceu.
A intenção de Lula é justamente esta. A de que o PMDB faça parte de seu governo. Por isso o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, admitiu na mesma linha das ações desenvolvidas por Paim, que o PMDB poderá indicar o líder do governo no Congresso. Mas Dirceu fez a ressalva de que isso depende de uma decisão interna do próprio partido. Depois de mais uma rodada de conversas com os líderes do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e na Câmara, Eunício Oliveira, e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), Dirceu reafirmou, em entrevista no Congresso, que o governo quer o apoio do PMDB no Legislativo. “O governo quer e precisa do PMDB para apoiar as reformas”, disse o ministro.
O esboço da participação do PMDB na base governista está feito e foi construído em parte com a eleição de José Sarney para a presidência do Senado e se completaria no Congresso com a liderança de Pedro Simon. Mas os peemedebistas se perguntam como ficam os cargos no governo, que já estão loteados. Assumir o ônus de governar e não assumir as regalias do poder é algo que ainda não passou pela cabeça dos peemedebistas.
O cargo de líder do governo no Congresso é atualmente exercido pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), também líder do governo no Senado. Caso Simon aceite, o convite oficial será feito por Lula e pelo atual líder Aloizio Mercadante. Paulo Paim disse que o peemedebista ficou de analisar o assunto para decidir se contribuirá melhor com o governo na liderança ou apenas no exercício do mandato de senador. No entanto, segundo Dirceu, as negociações prosseguem entre os líderes do PT e do PMDB no Congresso e os presidentes dos dois partidos, respectivamente deputados José Genoíno (SP) e Michel Temer (SP). “Estamos querendo é realmente consolidar a maioria na Câmara e no Senado”, afirmou o ministro da Casa Civil. A indicação de um parlamentar do PMDB para liderar o governo no Congresso depende da inclusão do partido não só na base parlamentar do Planalto mas também no governo. “Partido político só entra na base de apoio se participa do governo, é uma questão lógica. Como ter o líder do governo do PMDB se o partido não faz parte do governo?”, questionou o deputado Eunício Oliveira, deixando claro que, antes de indicar o líder no Congresso, o PMDB precisa ter participação no governo.