O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta segunda-feira (4) que espera a participação de empresas indianas em projetos de infra-estrutura do Programa de Aceleração da Economia (PAC), que demandarão um investimento total de US$ 250 bilhões até 2010. Em discurso no encerramento do Seminário Empresarial Brasil-Índia, que reuniu cerca de 200 executivos dos dois países, Lula ainda tentou "vender" as Parcerias Público-Privadas (PPPs) como uma oportunidade para a formação de joint-ventures indo-brasileiras.
Em seu discurso, Lula preferiu não seduzir o empresariado indiano com suas máximas sobre a melhora do ambiente econômico no Brasil desde sua primeira eleição, em 2002. Preferiu destacar o compromisso democrático de ambos os países e o respeito à liberdade – princípios que não se aplicam,a rigor, à China. Nesses temas, sustentou ele, o Brasil e a Índia "não podem aceitar lições e têm muito a ensinar".
"Toda vez que eu vejo esses palácios construídos pelos ingleses aqui eu fico imaginando que eles não queriam sair. Eles nunca pensaram em sair daqui. Ninguém constrói um palácio daquele para sair. Eles saíram porque este povo aprendeu o gosto por uma palavra chamada liberdade e democracia", afirmou.
Os empresários brasileiros, entretanto, mostraram maior interesse em outra espécie de PAC, o programa de investimento de US$ 350 bilhões em obras de infra-estrutura entre 2008 e 2012, que o governo indiano pretende pôr em marcha. Esse plano arrastou a Nova Délhi boa parte dos representantes das 100 empresas brasileiras inscritas no seminário e dos executivos que participaram da primeira reunião do Fórum de Líderes Empresariais Brasil-Índia, que também ocorreu hoje. A perspectiva de uma ação mais forte no mercado indiano, entretanto, ainda está nebulosa.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib), Paulo de Godoy, deixou claro que o setor não está seguro da concretização dos planos do governo da Índia nem das regras para a participação de empresas estrangeiras nas obras e concessões. O interesse brasileiro está concentrado especialmente em projetos de construção e de operação de usinas termelétricas, de uma rede de transmissão capaz de abarcar todo o país e de 6.000 quilômetros de rodovias.