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  Wilson Dias / ABr
Wilson Dias / ABr

Lula quer se afastar das siglas que se envolveram com escândalos no seu primeiro mandato.

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu se afastar das siglas que se envolveram com escândalos no seu primeiro mandato. A medida atinge PL e PTB. Os dois partidos não serão convidados a integrar o conselho político – que será formado pelos presidentes dos partidos aliados para discutir com Lula políticas de governo. O conselho foi ativado na época da campanha e deve ser mantido no segundo mandato.

Marco Aurélio Garcia, presidente interino do PT, disse ontem que o presidente deve convidar para o conselho os dirigentes do PT, PMDB, PCdoB, PRB e PSB. ?O PTB não está na coalizão. O governo terá outro tipo de relacionamento com o PTB e o PL?, disse.

O presidente já informou ao PTB que não poderá dialogar institucionalmente com o partido enquanto ele for dirigido pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), autor das denúncias sobre o mensalão. O mesmo vale para o PL, comandado por Valdemar Costa Neto (SP), que renunciou ao mandato para evitar a cassação por ter admitido que recebeu do PT dinheiro de caixa dois para o seu partido. PTB e PL também se envolveram no escândalo dos sanguessugas.

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No entanto, para garantir o apoio dos dois partidos no Congresso, Lula deverá manter a participação do PTB e PL no primeiro escalão. Ao PTB, o presidente já confirmou que o ministro Walfrido dos Mares Guia ficará na pasta do Turismo. O PL comandou o ministério dos Transportes até abril e pode continuar na área.

Espaço

Na primeira reunião do Conselho Político do PT – formado pelo presidente nacional, Marco Aurélio Garcia, e outros dirigentes do partido – com o governo, a legenda deixou claro que brigará para manter o espaço e orientar o projeto do segundo mandato do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente em relação à política econômica. O partido quer que seja mais voltada para o desenvolvimento e menos ao ajuste fiscal. O encontro ocorreu no gabinete do chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, no Palácio do Planalto.

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?O PT vai reivindicar para si as peças que sejam mais coerentes para o projeto do segundo mandato, que deverá ser voltado para o desenvolvimento econômico, universalização da educação e mudanças no câmbio?, disse a vice-presidente nacional da sigla, deputada Maria do Rosário (RS), que integra o Conselho Político. ?Nós ainda não falamos de quais cargos o partido quer. Isso vai ser decidido pelo conselho?, disse. ?Mas é claro que deverão ser postos que influenciem a política de desenvolvimento e a política econômica?, afirmou.

Fazem parte ainda do órgão os conselheiros Joaquim Soriano, Jilmar Tatto, Renato Simões, Paulo Ferreira e Valter Pomar, todos da direção nacional da agremiação. A reunião, com local e horário marcado, foi parte da estratégia do PT de transformar as negociações entre a administração federal e o partido em encontros oficiais. ?O PT quer que a relação com o presidente Lula seja institucional, com horário marcado e tudo. Achamos que isso torna mais fáceis as nossas reivindicações dentro do governo?, disse ainda Maria do Rosário.

De acordo com Simões, a reunião de ontem serviu para, institucionalmente, dar início às conversações com o Poder Executivo por parte dos partidos que formarão a coalizão e, principalmente, porque a legenda marcou posição em relação ao espaço que deverá ter na gestão. ?Quanto mais melhorarmos nossa relação com o governo, mais teremos condições de influenciar nas políticas de desenvolvimento e econômica e de assegurar o espaço do partido no governo.? Para Simões, o eleitor que votou em Lula mostrou que deseja mudanças e a sigla está pronta para exigi-las.

A vice-presidente nacional do PT afirmou que a agremiação, por ser do presidente da República e vitoriosa na eleição presidencial, deve ser também o que dará a orientação política para a aliança que ele pretende montar. Essa coalizão deverá ter, entre outros partidos, PMDB, PCdoB, PSB, PRB, PP, PTB e Partido da República (PR), fusão de PL e Prona. Outros, como o PDT e o PV, estudam a possibilidade de também fazer parte da frente pró-Lula no Congresso.

No encontro, Garcia disse a Genro que pretende convidar os presidentes nacionais das legendas aliadas para uma reunião da coligação. Depois, o Conselho Político também quer participar de um novo encontro para falar da forma como a sigla pretende se relacionar com os parceiros.