O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta quinta-feira (21) aos representantes de empresários, trabalhadores e do Ministério da Previdência que continuem as discussões em torno de um fórum sobre a necessidade de ajustes nas regras da previdência. Esse foi o relato feito pelo presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), e pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.
Segundo Paulo Pereira da Silva, as centrais sindicais defenderam maior discussão em torno da fixação de uma idade mínima de aposentadoria pelo INSS e a transferência de uma parte da contribuição previdenciária, que hoje está sobre a folha de salário, para o faturamento ou receita das empresas. O argumento das centrais sindicais é de que hoje, por exemplo, muitas empresas, por causa do avanço da tecnologia, reduziram o número de trabalhadores e, no entanto, aumentaram a rentabilidade. Paulo da Silva citou como exemplo a montadora Volkswagen, que há cerca de 20 anos tinha 44 mil trabalhadores e hoje tem em torno de 12 mil. As discussões do Fórum Nacional da Previdência foram encerradas em outubro do ano passado e só agora foram entregues ao presidente Lula.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto,criticou a sugestão feita pelo presidente Lula de dar continuidade às discussões de uma reforma da previdência em um fórum. Segundo ele, diante das dificuldades orçamentárias do País, é dever do governo assumir uma proposta e encaminhá-la ao Congresso Nacional. "A nossa posição é que não dá para ficar discutindo sem prazos para terminar, enquanto os problemas se acumulam. Quem não trata do futuro, hoje, está sendo imprevidente", afirmou.
Sobre a idéia de retirar da folha de salários parte da contribuição previdenciária para ser cobrada sobre a receita ou faturamento das empresas, Monteiro Neto disse que esse assunto tem que ser tratado com muito cuidado, para não haver distorções já que não há garantias de que a substituição de base possa manter a arrecadação da previdência. Segundo o empresário, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que "algumas coisas" relacionadas à reforma tributária estão sendo discutidas, mas não confirmou que esse tema do financiamento da previdência já esteja decidido. "A única confirmação que temos é a proposta do fim da alíquota de 2,5% (sobre a folha de salário) para o salário-educação", disse Monteiro Neto.