Brasília  – O presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou aos deputados, em sua primeira visita à Câmara, que pretende manter com os parlamentares “a mais extraordinária e harmônica ligação que o Executivo já teve com o Legislativo”.

Lula foi recebido pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), por líderes partidários e deputados de diversos partidos.

Ele afirmou que sua visita ao Congresso tem uma simbologia. O presidente eleito disse que normalmente, quando a situação do País é estável, o Executivo leva as glórias. Já “quando as coisas não andam”, completou Lula, “o ônus fica para o Legislativo”.

– A mim não interessa saber se os deputados são do PT, PPB, PMDB, PFL, PPS, PSDB… A mim interessa saber que quem está nesta Casa foi legitimamente eleito pelo povo brasileiro – disse Lula. Aécio Neves afirmou que a presença de Lula é uma sinalização positiva que mostra a disposição do presidente eleito de dialogar com o parlamento e construir alternativas para o País.

– Nós todos, democratas que somos, reconhecemos e aceitamos o resultado eleitoral – disse Aécio, cujo partido, o PSDB, já decidiu fazer “oposição responsável” ao governo Lula. Para o tucano, a visita de Lula ao Congresso foi um “gesto de dimensão histórica”, de desprendimento e disposição de diálogo permanente. – Seja muito bem vindo à sua Casa – disse Aécio.

O presidente eleito, que é pernambucano, chegou a brincar com o líder do PFL, Inocêncio Oliveira, que também é de Pernambuco. Inocêncio parabenizou Lula pela vitória e disse que seu partido, o PFL, fará uma oposição com responsabilidade e respeito.

Avanço

O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), declarou que a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, 48 horas após ser eleito, é um sinal do avanço e do fortalecimento das instituições democráticas brasileiras. – Esperamos que seja constante o diálogo entre o Congresso Nacional e o Executivo – afirmou, desejando votos de sucesso ao presidente eleito.

Tebet disse que foi uma visita de cortesia em que não foram discutidos detalhes da pauta de votação. Em seu discurso, Lula disse que sua visita ao Congresso é a maior demonstração de sua intenção de realizar um trabalho harmônico entre Executivo e Legislativo. Ele ressaltou que sua visita é o reconhecimento da importância que dá ao Senado, ao Congresso Nacional e aos senadores eleitos pelo povo.

Lula afirmou também que os líderes do PT no Senado, Tião Viana (AC), e na Câmara, João Paulo Cunha (SP), deverão conversar com as demais lideranças das duas casas para analisar as matérias importantes a serem examinadas no período de transição do governo, até dezembro. A rediscussão da proposta orçamentária para 2003 deverá ser a prioridade, segundo Lula. Antes do discurso, quando cumprimentava os senadores, Lula recebeu o telefonema do senador Eduardo Suplicy, que não foi a Brasília porque se recupera de uma cirurgia. Lula tornou público o telefonema avisando que o senador tinha enviado abraços para os colegas.

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