Brasília – O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, durante o ato de lançamento de seu programa de governo, em Brasília, que, se for eleito, as mudanças começarão no seu primeiro dia no Palácio do Planalto, tendo por compromisso maior a geração de empregos, sem descuidar da inflação. A meta, segundo Lula, é garantir 10 milhões de novos empregos em quatro anos. ?Criar empregos será minha obsessão nos próximos quatro anos?, disse ele.
O número de novos postos de trabalho pode até parecer exagerado, mas segundo Lula é o necessário. ?Além da legião de desempregados que já existem, entram no mercado de trabalho a cada ano 1,4 milhão de jovens?. Portanto, disse Lula, é preciso crescer a uma taxa média de 5% ao ano para gerar, por meio de políticas de emprego e de renda, os postos de trabalho necessários. O país tem hoje 11,4 milhões de desempregados, e nos próximos quatro anos, outros 5,6 milhões de jovens estarão à procura de emprego.
Para Lula, a conquista do pentacampeonato mundial pela Seleção Brasileira de futebol é um exemplo a ser seguido. ?É possível ser defensivo e ofensivo ao mesmo tempo?, afirmou. ?Não dá é para ficar o tempo todo na defesa tentando não tomar gol?, afirmou, aparentemente reconciliado com o técnico Luiz Felipe Scolari, com o qual chegou a divergir até o jogo com a Inglaterra.
Lula disse que a premissa para crescer e combater o desemprego é a redução da dependência de capitais externos voltados para a especulação, além de baixar juros. ?O caminho é combinar três linhas de ação: um esforço exportador muito mais vigoroso do que o atual, o alargamento do mercado interno e o investimento em infra-estrutura e nos setores de ponta?, afirmou.
?Vamos investir na construção de moradias, setor intensivo em mão de obra. A construção civil, responsável por 13,5 milhões de empregos, tem a vantagem de não exercer pressões significativas sobre a balança comercial, uma vez que consome insumos, matérias-primas e produtos elaborados no Brasil. Vamos investir em obras de infra-estrutura, que também absorvem mão de obra, e estimular o capital privado a fazer o mesmo?, disse.
Vice da chapa nega calote da dívida
Brasília (AE) – O candidato à vice-presidência na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o senador José Alencar (PL-MG), negou que haverá calote num eventual governo petista. Afirmou, contudo, que se for mantida a atual política econômica, esta possibilidade existe. ?Corremos risco de sermos taxados de caloteiros se mantivermos esta política econômica, nos endividando?, disse ele, durante o lançamento do programa de governo da coligação. Alencar disse que, se não for estabelecida uma nova política econômica no País, dentro de quatro anos o número de desempregados deverá atingir 17 milhões.
Alencar criticou as taxas de juros elevadas por longo período, afirmando que esta é uma das razões que levam o País à subserviência econômica em relação a outros governos. Com um discurso econômico, o senador ressaltou que todos os países desenvolvidos são nacionalistas. Antes dele, o presidente do PT, José Dirceu, discursou, defendendo o que chamou ?revolução social?, na qual Lula seria o comandante.
Dirceu homenageou várias personalidades, entre elas, o intelectual Sérgio Buarque de Holanda, Henfil e Chico Mendes.