Lula promete dinheiro para reforma

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que "não vai faltar nenhum real para fazer os assentamentos que tem que fazer no País este ano". A declaração foi feita na cidade de Santa Cruz de Cabrália, na Bahia, durante o discurso na entrega de títulos de posse para trabalhadores rurais da região ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A meta do governo é assentar 115 mil famílias este ano.

Ao comentar as ocupações de terras particulares e prédios públicos promovidas esta semana por integrantes do MST em todo o País, o presidente Lula disse que, ontem, chegou a pensar em não ir à Bahia, para inaugurar o assentamento, por causa das ações do movimento. Segundo o presidente, ele foi para casa e refletiu. "Eu acho que tanto a liderança do MST como o presidente da República podem ter a divergência que quiser ter, mas em nenhum momento o povo pode pagar o preço da insensatez que a gente possa cometer", enfatizou. Lula disse ainda que tem a consciência de que, no movimento social, "a luta é quase infinita. Quanto mais a gente conquista, mais a gente tem vontade de conquistar", disse.

Conluio

A visita do presidente Lula ao assentamento Lulão, em Santa Cruz de Cabrália, na Bahia, foi criticada por representantes das principais entidades ruralistas do País. Para eles, ir a encontro com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) durante a jornada de invasões de fazendas e prédios públicos que o movimento promove mostra o "conluio" do presidente com um segmento que consideram fora da lei.

A coordenadora estadual do MST, Maria Aparecida Gonçalves, disse que a elite e, principalmente, os latifundiários têm dificuldade para entender o papel do movimento social e fazem de tudo para criminalizar o MST. Segundo ela, as ocupações são uma forma consagrada e legítima de luta pela terra. "Fica claro que o MST é aliado do presidente Lula e que Lula apóia os atos de ilegalidade que o MST pratica", disse o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), João Arruda Sampaio. Para ele, o presidente não devia negociar com criminosos. "Mas o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o presidente abastecem o MST com dinheiro e cestas básicas."

O presidente da Associação de Produtores Rurais de Mato Grosso, Ricardo Castro Cunha, considerou uma "irresponsabilidade" a visita ao assentamento. "Ele (Lula) fomenta as invasões e vai tomar café com os sem terra." Segundo Cunha, o presidente é o principal responsável pelas invasões e pelo clima de conflito no campo. 

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