Irritado com as especulações que surgem todo dia no noticiário a respeito dos nomes de seu Ministério, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, enquadrou os colaboradores ansiosos pela definição de cargos. Em conversas reservadas, na segunda-feira, Lula disse com todas as letras que não admitirá disputa entre os petistas.

“Não posso ficar cedendo a pressões porque, daqui a pouco, o governo será montado de fora para dentro”, avisou. O petista acha que muitos estão “plantando” nomeações na imprensa. Está convencido de que boa parte dos rumores não vem apenas do mercado, mas, sim, do seu próprio partido. Por isso, reuniu auxiliares para uma advertência: os “especuladores” não serão contemplados.

A montagem da equipe de transição, que será eminentemente técnica, já provocou discórdias na seara petista. O senador eleito, Aloizio Mercadante (SP), chegou a ser alvo de piadas. Uma das que circulam no Q.G petista diz que Lula deve anunciar logo o ministro da Fazenda “para acalmar o mercado e o Mercadante”.

Desde a campanha, as divergências do senador eleito com o economista Guido Mantega, assessor de Lula, são públicas e notórias. Não foram raras as vezes em que Mantega declarou uma coisa e Mercadante, outra. Até o economista Ricardo Carneiro, da Unicamp, entrou em rota de colisão e acabou deixando a confecção do programa. Foi por causa desses atritos que o comitê pensou em criar um porta-voz econômico, idéia que não acabou vingando.

Para chefiar a equipe de transição, Lula escolheu o prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho, exatamente por seu perfil conciliador. Mas, à exceção de Palocci – cotado para Planejamento -, os nomes que comporão o grupo não devem ter cargos de primeiro escalão no governo. “Equipe de transição é uma coisa, Ministério é outra”, argumenta o presidente eleito.

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