O presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, concedeu ontem uma entrevista coletiva em Brasília para falar sobre a 52.ª Reunião Ordinária do Conselho Permanente. |
Brasília – O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, disse ontem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como os anteriores, tem priorizado os problemas econômicos em detrimento dos grandes problemas sociais do País.
No entanto, ele ressaltou que o presidente Lula tem falado dos planos elaborados pelo governo para a área social e que seus ministros têm dito que o pior já passou e que agora vem o crescimento econômico. “Estamos aguardando que isto seja realidade para que o social possa melhorar no país. O problema da fome precisa ser socorrido de imediato. Lula está sempre atento ao que deve ser feito com este propósito”, afirmou.
A análise de conjuntura divulgada pela CNBB também faz críticas à prioridade que o governo tem dado à solução dos problemas econômicos, mas diz que já há importantes diferenças em relação ao governo anterior, como o “estancamento do processo de privatização, uma política externa agressiva em defesa de nossos interesses sociais e uma séria e sincera preocupação com a melhoria das condições de vida dos mais pobres”.
O documento diz ainda que as severas medidas econômicas adotadas para enfrentar a crise ainda não foram revogadas. “Mantém-se, portanto, a política macroeconômica que obriga o Brasil a pagar uma parte substancial de sua dívida pública por meio do superávit primário.”
Reforma agrária
Ainda de acordo com a CNBB, a reforma agrária no Brasil continua sendo a preocupação constante do episcopado brasileiro, sobretudo nos dias atuais, “diante do crescimento das ocupações de terra, dos conflitos cada vez mais graves, da violência e da impunidade no campo”. A nota acrescenta que, em julho, o papa João Paulo II perguntou aos bispos da CNBB que lhe fizeram uma visita sobre o andamento da reforma agrária no Brasil. Segundo a nota, a reforma agrária é imperativo de justiça e de autêntico desenvolvimento, “tornando-se imprescindível para evitar uma explosão social de conseqüências imprevisíveis, não só no meio rural mas em toda a sociedade brasileira”.
Mas a CNBB não deixa de reconhecer as ações do governo Lula a favor da reforma agrária. A nota diz que os bispos receberam com satisfação a notícia de que o governo pretende lançar em breve o novo plano nacional de reforma agrária. “Não ignoramos as dificuldades financeiras que o país está enfrentando, porém, por sua gravidade e urgência, a solução da questão agrária torna-se uma prioridade, exigindo de todos compreensão e apoio”, diz o texto.
O secretário-geral da CNBB, dom Odilo Scherer, disse que a entidade ficou alegre ao saber que o governo deve anunciar, nos próximos dias, medidas em prol da reforma agrária e que gostaria de ver um bom programa de reforma agrária resolvendo os problemas da violência no campo e do desemprego rural.
Bispos recomendam cautela
Brasília – O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Odilo Pedro Scherer, defendeu que o Brasil tenha mais cautela na definição de sua política em relação aos produtos geneticamente modificados. Segundo ele, há grandes interesses econômicos por trás dessa discussão da parte de quem tem o direito das patentes dos transgênicos e esses interesses podem estar levando o país a apressar a discussão.
“Existe uma questão econômica por trás dos transgênicos e isso pode deixar menos serena a decisão a ser tomada”, disse. dom Odilo. Dom Geraldo Majella, presidente da CNBB, disse que o maior problema dos transgênicos são as conseqüências que poderiam advir para os produtores, que segundo ele ficariam dependentes de sementes e teriam de pagar royalties à empresa dona das patentes.