Assunção – Paraguai (ABr) – Até o final de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ver constituída uma zona de livre comércio entre os países da Comunidade Andina e do Mercosul. Em discurso na XXIV reunião de Cúpula do bloco econômico do Cone Sul, o presidente lembrou que o Brasil firmou tal compromisso com a Venezuela e o Equador, neste ano, mas pretende estender a medida a outros países andinos. “O Mercosul precisa ter a dimensão de toda a América do Sul. A nova América do Sul será criada pela conexão entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações”, ressaltou.
Lula também deu destaque aos acordos de livre comércio já existentes com a Bolívia e o Chile, que participam das discussões do Mercosul na capital paraguaia. Na opinião do presidente Lula, o fortalecimento interno do Mercosul é “imprescindível” para levar adiante as negociações com outros países e blocos econômicos, como os Estados Unidos e a União Européia. “Temos enormes desafios pela frente. O maior deles é trabalhar para transmitir a nossos povos a certeza de que o Mercosul lhes traz vantagens concretas e mais bem-estar. Não podemos permitir que o burocrático, o meramente técnico ou econômico se sobreponha ao êxito do mais importante projeto político-estratégico em que estamos engajados”, enfatizou.
União aduaneira
Entre as medidas para transformar o bloco em união aduaneira, o presidente defendeu como elemento principal o aperfeiçoamento da Tarifa Externa Comum (TEC). Lula também sugeriu a mobilização de recursos financeiros para apoio ao processo de maior integração regional e ressaltou a decisão do Brasil de estimular parcerias no Mercosul com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“O processo de construção do mercado comum não poderá ser, exclusivamente, dos governos e dos setores empresariais interessados nas vantagens da maior liberalização comercial na região. O debate aberto é indispensável. Temos que fazer um Mercosul democrático, participativo. É esse Mercosul que nossas populações querem”, enfatizou. Outro desejo expresso pelo presidente na reunião foi o estreitamento das relações entre os governos regionais para projetos sociais. Na avaliação de Lula, a fome, a pobreza e a deterioração social representam problemas comuns para países do Cone Sul.
Plena integração
Lula firmou um compromisso emocionado de dedicar “cada minuto” da sua vida, nos próximos quatro anos, para, além de administrar os problemas internos do Brasil, consolidar a plena integração do Mercosul. “No que depender do Brasil, no que depender do meu governo, e no que depender do meu esforço pessoal, o Mercosul vai definitivamente cumprir com os objetivos para os quais foi criado”, garantiu. Lula ressaltou, porém, que as negociações para a integração do bloco econômico vêm sendo feitas há muitos anos e não podem ser esquecidas – independentemente de terem sido boas ou ruins.
“Certo ou errado, muita gente já participou de trabalhos do Mercosul. Cabe a nós, que estamos vivendo essa nova fase da América do Sul e da América Latina, aprendermos com os erros cometidos no passado por governos anteriores, aperfeiçoarmos aquilo que está dando certo, e trabalhar para que, no final dos nossos mandatos, possamos ter o Mercosul trabalhando em igualdade de condições com os grande blocos econômicos que existem no mundo”, enfatizou. O presidente defendeu a criação de uma dimensão política em torno do Mercosul, e não “apenas fórmulas econômicas” para o bloco econômico, assim como a integração física entre os quatro países do Cone Sul. “Sem a integração física, todos os protocolos que firmarmos serão apenas mais um protocolo”, ressaltou.