Lula prega coalizão e pede que PT volte a dar exemplo

  Agência Brasil
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O presidente pregou a unidade do partido e disse que os petistas não podem
aceitar divergências e ?provocações?
de adversários.

São Paulo (AE) – Com um discurso contundente na abertura da reunião do Diretório Nacional do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou ontem a unidade do partido e disse que os petistas não podem aceitar divergências e ?provocações? feitas por adversários. Sobre a montagem do governo, Lula afirmou que o PT precisa corrigir seus erros, mas não deve cair em armadilhas criadas pela oposição nem se perder em disputas pequenas. ?Para mim, não tem essa discussão se vai ter mais PT, menos PT, mais PMDB, menos PMDB, menos PL, mais PL. Vamos discutir isso no momento apropriado. Não podemos aceitar essas divergências que tentam colocar na nossa boca e a gente passa a respondê-las?, disse o presidente.

Lula defendeu o governo de coalizão e o entendimento nacional, com o argumento de que ?não dá para passar mais quatro anos nessa coisa maluca de guerra sem fim?. Depois, na tentativa de afagar os companheiros, disse que vai ouvi-los muito mais no segundo mandato. ?Eu estou convencido que vamos fazer um segundo governo tão bom que até o PT vai gostar?, afirmou, arrancando gargalhadas da platéia.

O presidente insistiu que não tem pressa para montar a nova equipe e disse que só começará a escalar o time depois de conversar com todos os partidos, movimentos sociais e populares e entidades empresariais. Para Lula, o discurso da ?despetização? não passa de uma ?bobagem? e ?provocação?. ?A verdade é que, dos cargos de confiança, 70% nós não mexemos, estão lá?, afirmou. ?Então, essas críticas são feitas exatamente para que a gente fique inibido e deixe eles lá.?

Em tom de confiança no futuro, Lula afirmou que o governo e o partido não podem se contentar apenas com crescimento de 3,5%, 4% nem com programas como Bolsa Família e Luz para todos. ?Não temos desculpa. Está todo mundo mais preparado, mais calejado?, observou. ?Vamos brigar com quem tivermos de brigar para que a gente possa fazer jus à renovação de confiança que o povo nos deu.?

A uma platéia formada por cerca de 100 petistas, entre os quais ministros, governadores eleitos, senadores e deputados, o presidente afirmou não existir adversidade que não possa ser superada. Disse acreditar em entendimento até mesmo com setores da oposição, mas deu estocadas no senador Efraim Moraes (PFL), autor do projeto instituindo o 13.º salário para o Bolsa Família.

Ele chamou a proposta, aprovada pelo senado, de ?ridícula?. ?Quando a coisa é feita de forma ridícula, ninguém precisa brigar. Foi uma grosseria tão grande que a própria imprensa fez o papel que tinha de fazer: mostrar o quanto, de vez em quando, as pessoas agem de forma pequena com coisa grande.?

No primeiro encontro com o diretório nacional após sua reeleição, Lula procurou dar vários conselhos ao PT, que, na sua avaliação, ?ressurgiu? depois da campanha. O presidente não mencionou diretamente a crise do dossiê, mas se referiu a ela ao falar que o PT conseguiu sair de uma ?encalacrada?. ?Certamente se não tivéssemos cometido os erros que cometemos, chegaríamos muito mais fortes?, afirmou. ?Sair da encalacrada que saímos nos dá a obrigação de ser muito mais exigentes conosco.?

Lula fez, ainda, um ?apelo?, para que o PT ?volte a ser exemplo? no Brasil. Argumentou que precisa da ajuda do partido para ?destravar? o país e fazer as reformas necessárias. ?Hoje não temos mais o FMI dando palpite na economia. É só a gente ter coragem de fazer o que precisa ser feito?, disse. Depois, olhando para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, brincou: ?O Mantega está ali com uma cara de preocupado.? Foi uma risada geral.

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