O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai telefonar nesta tarde para o presidente da Embraer, Frederico Curado, para pedir que a empresa negocie com o sindicato dos trabalhadores a questão das demissões dos 4.270 funcionários. O compromisso foi assumido pelo próprio presidente, no encontro do início desta tarde, no Palácio do Planalto, com um grupo de sindicalistas.
Lula, segundo Luiz Carlos Prates, da Frente Sindical Conlutas, disse que a negociação tem de ocorrer ainda hoje, antes da audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas (SP), marcada para amanhã.
No encontro com os sindicalistas, Lula disse que está avaliando medidas para incrementar e incentivar a aviação regional e, com isso, aumentar as demandas da Embraer. O presidente disse que se reunirá ainda hoje com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e outros representantes do governo para discutir medidas para os setor. Mas até o momento esse encontro não foi confirmado pelo Palácio do Planalto.
O presidente, segundo relato dos participantes, se comprometeu a se empenhar para que a Força Aérea Brasileira adquira uma aeronave que está sendo elaborada pela Embraer, a C-390, para substituir o avião Hércules, usado atualmente pelos militares, e com isso ajudar a empresa a sair das dificuldades.
No encontro, os sindicalistas disseram para o presidente que a Embraer, só este ano, recebeu encomenda de 242 aeronaves e que no ano passado o número não passou de 204 encomendas. Lula teria demonstrado surpresa. Isto porque, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, o presidente da Embraer, Frederico Curado, numa reunião que teve com o presidente Lula, no mês passado, disse que a empresa teve o cancelamento de 30% das encomendas.
Lula se comprometeu a telefonar para a Embraer ainda hoje e depois ligar para o sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, para relatar o que a empresa disse.
Durante o encontro, alguns demitidos puderam conversar com o presidente. Foi o caso do mecânico Juliano Oliveira, demitido no dia 26 de fevereiro, depois do retorno das férias. “O presidente disse que vai tentar uma negociação com a Embraer. A gente esperava uma medida mais imediata, mas foi que a gente conseguiu”, disse Juliano.