Lula pede união para Brasil superar ?atrasos?

Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

Lula, antes do pronunciamento: entrevista a Ana Paula Padrão.

Em pronunciamento em cadeia de TV, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou os partidos de oposição e a sociedade, a começar pelas lideranças políticas, a unir o Brasil em torno de uma agenda comum de temas de interesse geral. ?É um chamamento maduro e sincero feito por um presidente que está saindo de uma vitória expressiva nas urnas, que conta com o apoio majoritário dos governadores eleitos e que terá uma base sólida no Congresso Nacional?, afirmou Lula.

O presidente disse que já tem experiência suficiente para saber que para fazer as coisas com a velocidade que o Brasil necessita é preciso contar com o empenho e a boa vontade de amplos setores da vida nacional, entre eles a oposição. ?Nada vai mudar meus ideais e minhas convicções. Sei que o mesmo ocorre com os meus opositores. É esta diversidade de posições que enriquece a democracia. Mas isso não pode impedir que avancemos nos grandes temas de interesse coletivo?, disse Lula.

Em seguida, ele citou um exemplo de algo que precisa ser feito pelos dois lados. ?É preciso agilizar a votação de matérias importantes que já estão no Congresso, como o Fundo Nacional de Educação Básica (fundeb), que vai aumentar em dez vezes os recursos para o ensino básico; a lei geral da micro e pequena empresa, que vai diminuir impostos e a burocracia para o empreendedor; e a reforma tributária, que vai tornar mais justa a cobrança de tributos e reforçar o equilíbrio federativo.?

O presidente disse ainda que é necessário, igualmente, criar um clima de profunda responsabilidade republicana para a discussão e votação de reformas importantes, a começar pela reforma política. ?É preciso, também, a união das forças regionais em favor de projetos de desenvolvimento já em curso e que trarão progresso para todos os estados do país, como os do Pólo Petroquímico do Rio de Janeiro, da Refinaria de Pernambuco, do Polo Siderúrgico do Ceará, da ferrovia Transnordestina, dos mais de 4 mil quilômetros de gasodutos interligando todo o Brasil, das hidrelétricas do Rio Madeira, das BRs 101 Sul e Nordeste e da BR-163, entre tantos outros.?

Lula disse que as eleições de domingo foram as mais transparentes e democráticas da nossa história. ?E isso não se deu por acaso. Isso ocorreu por causa do amadurecimento de nossas instituições, da postura dos candidatos e, muito especialmente, da ação e vigilância do nosso povo. Houve, ainda, um fator inédito e decisivo: pela primeira vez, o Brasil enfrentou uma disputa presidencial sem nenhum tipo de abalo econômico, seja antes, durante ou depois das eleições. A estabilidade é uma das conquistas que precisamos manter e ampliar. Mas temos, também, várias outras. E elas ficaram muito claras nestas eleições.?

No pronunciamento de 6 minutos e 10 segundos, Lula disse ainda que o Brasil tem uma enorme dívida social a resgatar, um grande atraso político a vencer e questões éticas a discutir e superar. ?No que depender de mim, vou acelerar a solução de todas as pendências e estimular democraticamente os outros poderes a fazerem o mesmo. Continuarei empenhado em que os órgãos de investigação e da Justiça apurem todas as denúncias de corrupção e que os verdadeiros culpados sejam exemplarmente punidos.?

George W. Bush cumprimenta pela reeleição

Brasília (AE) – O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, quer aprender com o colega brasileiro, o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, como dar a volta por cima na política e conquistar 58 milhões de votos. Em telefonema na manhã de ontem, para cumprimentar Lula pela reeleição, Bush expôs, em tom de brincadeira, a dificuldade que está tendo nas eleições parlamentares americanas. ?Olha, você teve uma vitória espetacular. Você tem que me dar um pouquinho do seu ?know-how? porque estou precisando para ganhar, agora (nas eleições parlamentares)?, brincou.

A aceitação de Bush pela população americana está em baixa, de acordo com pesquisas. O relato sobre esse telefonema de Bush foi feito a jornalistas pelo ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, quando saía do Palácio da Alvorada, onde acompanhou esta e outras conversas de Lula com chefes de Estados estrangeiros que ligaram para cumprimentá-lo.

Bush disse que quer continuar ?trabalhando? com Lula. Um dos pontos da conversa foi a briga entre países emergentes e ricos nos fóruns de comércio mundial. No telefonema, o presidente americano afirmou que é preciso aprimorar o sistema do comércio internacional e fortalecer a democracia. ?Aprecio a boa relação que temos tido?, disse Bush, que, segundo Amorim, convidou o presidente brasileiro a visitar os Estados Unidos. Lula respondeu que fará essa visita ?em breve?, possivelmente no início do próximo ano.

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