Lula pede que tropas dos EUA desocupem o Iraque

Damasco (Síria) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, divulgaram ontem um comunicado conjunto em que fazem um apelo enfático para que as tropas dos Estados Unidos deixem o Iraque. O texto usa a palavra ocupação para classificar a presença de tropas norte-americanas no Iraque.

Questionado sobre o uso do termo, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, respondeu: “É ocupação mesmo. É uma guerra não autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU”. E o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, completou. “E nós defendemos a desocupação.”

“Quanto à deterioração da situação do Iraque, os dois presidentes enfatizaram a necessidade de dar passos acelerados com vistas à transferência do poder para o povo iraquiano, pôr fim à ocupação e conceder às Nações Unidas um papel fundamental para que o povo iraquiano possa exercer a sua cidadania, escolher seu próprio governo e garantir a integridade de seu território”, destaca a nota oficial assinada por Al-Assad e Lula, momentos antes de o presidente brasileiro deixar Damasco em direção à Beirute, na segunda etapa da viagem ao Oriente Médio. “Os dois presidentes sublinharam a urgência em se alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura no Oriente Médio, baseada em soluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU, do princípio da terra pela paz e da iniciativa de paz árabe”, continua o texto.

O documento também informa que os dois presidentes examinaram o papel atual das Nações Unidas e consideraram necessária a expansão do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de países como o Brasil entre os membros permanentes.

Segundo Amorim, o uso da expressão ocupação americana no Iraque no comunicado conjunto da Síria e Brasil não representa que o País tenha adotado uma posição anti-americanista, já que meios de comunicação importantes dos Estados Unidos e Inglaterra usam constantemente a expressão. “A BBC e a CNN usam esse termo (ocupação americana) todos os dias. Não falamos que é uma ocupação ilegal”, afirmou o chanceler brasileiro.

De acordo com o ministro, a referência sobre o Iraque foi negociada pelos governos da Síria e do Brasil antes da chegada de Lula ao Oriente Médio. O comunicado oficial assinado ontem em Damasco pede ainda que a ONU seja reformulada. “Os presidentes ressaltaram a necessidade de apoiá-la (a ONU) e de promover a reforma de seus mecanismos, incluída a expansão do Conselho de Segurança, incorporando um número de países do Sul (em desenvolvimento) como membros permanentes.”

Na quarta-feira, em Damasco, Amorim sugeriu que o Brasil aceitaria integrar o Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, mesmo que não tenha poder de veto como os cinco membros vitalícios: Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, China e França. “Não é por causa do poder de veto que o Brasil quer integrar o Conselho de Segurança”, afirmou Amorim.

Cúpula

A nota assinada por Lula e Al-Assad ressalta ainda a importância da realização da cúpula de chefes de estado dos países árabes e sul-americanos, que acontecerá no ano que vem, no Rio de Janeiro. Lula convidou o presidente da Síria para uma visita ao Brasil. O governante sírio aceitou o convite e ficou de marcar uma data. Os presidentes consideram também necessária a formação de um comitê conjunto entre a Síria e o Brasil, para aprofundar as relações comerciais entre os dois países.

Acordos assinados no Líbano

Beirute

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem no Líbano, segunda etapa da viagem que faz ao Oriente Médio. Ele manteve encontros com o presidente Émile Lahoud. Assinou acordos nas áreas de educação, meio ambiente, turismo e educação.

Mas o grande foco da escala no Líbano tem enfoque empresarial. Pelas ruas da capital Beirute, é possível observar o potencial da região. Ao contrário da Síria, o Líbano é aberto a investimentos estrangeiros. A restauração do centro da capital também é vista como oportunidade de negócio. Minada por sucessivas guerras, a cidade aos poucos ostenta construções arquitetônicas típicas de primeiro mundo. O representante da Câmara de Comércio Árabe-Brasil (CCAB), Mustapha Abdouni, afirma que as chances comerciais são grandes. “O povo brasileiro goza de grande prestígio aqui. E a simpatia pode ajudar a vender”, diz.

Acordos

Os governos libanês e brasileiro fecharam ontem cinco acordos de cooperação. Além de acordos de cooperação nas áreas de turismo, combate ao tráfico de drogas, meio ambiente e comércio, os dois países acertaram a criação de uma comissão bilateral de alto nível.

Os acordos, assinados no Palácio Baabda, em Beirute, buscam intensificar a relação comercial e política entre Brasil e Líbano. Para entrar em vigor, os textos dependem da aprovação do Congresso brasileiro e de um processo similar no Líbano, que é um dos países que têm mais proximidade com o Brasil no mundo árabe.

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