Em encontro com Brizola, Lula convidou
o PDT a participar do novo governo.

São Paulo – O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou ontem, após quase uma hora de encontro com o ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola (PDT), que fez um convite formal para que o PDT participe de seu novo governo. Brizola afirmou que o convite será discutido com o partido, mas antecipou que o PDT está decidido a apoiar o governo Lula “sem restrições e sem negociar cargos”. “Nós fazemos parte de uma geração que espera há muito tempo que o povo brasileiro mostre a sua cara (no poder), e isso está acontecendo agora”, afirmou Brizola.

O ex-governador disse também que, no parlamento, o PDT também vai dar todo o apoio necessário ao governo Lula e antecipou que o partido vai fechar posição com o PT na decisão sobre o aumento do salário mínimo e da alíquota de 27% do IR. “Nós sempre defendemos uma correção justa do salário mínimo. Mas nós também teremos a preocupação de não criar nenhum tipo de dificuldade para o novo governo. Sabemos que quando se inicia um novo governo as dificuldades são grandes”, enfatizou ele.

Brizola aproveitou um lapso de memória momentânea para lançar farpas contra o presidente Fernando Henrique Cardoso. Por duas vezes, ele quase fala “Francisco” ao invés de Fernando. “Quando eu me afasto de uma pessoa costumo não reter sequer o seu nome e é isso que acontece com o atual presidente”, justificou ele. “Ele é uma nuvem que paira sobre nós, mas felizmente está se afastando.”

Enquanto isso, em Brasília, o coordenador da equipe de transição do novo governo, Antônio Palocci, anunciou o nome dos técnicos que responderão pelas cinco equipes de trabalho responsáveis pela elaboração de relatórios sobre os projetos em andamento nos diversos ministérios e orgãos da administração federal. O adjunto de Palocci, Luiz Gushiken, responderá pelo grupo de Gestão e Governo. Esse grupo vai avaliar os projetos dos Ministérios da Justiça, Defesa, Relações Exteriores e Palácio do Planalto.

O grupo de desenvolvimento econômico, a ser chefiado por Tania Barcelar, será responsável pela elaboração de relatórios sobre os trabalhos do Ministério do Desenvolvimento, Agricultura, Integração Nacional, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia. Para a equipe de políticas sociais, o chefe será Humberto Costa, que foi o candidato do PT ao governo de Pernambuco. Esta equipe irá englobar avaliação dos Ministérios da Previdência, Trabalho, Saúde, Educação, Cultura e Esporte e Turismo. O quarto grupo, de Infra-estrutura, será coordenado pela ex-secretária de energia do Rio Grande do Sul Dilma Roussef, e avaliará os trabalhos dos Ministérios dos Transportes, Minas e Energia e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. O último grupo ficará responsável pela avaliação das instituições públicas e bancos de fomento e será coordenado por José Sérgio Gabriel.

Antonio Palocci, disse que o próximo governo não adotará “medidas mágicas” para fazer um combate “implacável” à inflação. Ele ressaltou que Lula vai seguir seu programa de governo, que não prevê, “experimentos”. “O combate implacável contra a inflação não que dizer nenhuma medida mágica em relação à inflação”.

“O mundo precisa respeitar Lula”

São Paulo

– O ex-primeiro-ministro da Itália Massimo D?Alema afirmou ontem, após encontro em São Paulo com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que a comunidade internacional sofrerá “conseqüências muito graves” caso não se esforce em ajudar o próximo governo brasileiro. “O mundo, os Estados Unidos e a Europa não podem se dar ao luxo de permitir que toda a América Latina se transforme numa grande Argentina”, disse D?Alema, em entrevista concedida pela tarde, no comitê central de campanha do presidente eleito.

Presidente do Partido Democrático da Esquerda (PDS) italiano (ex-Partido Comunista), D?Alema sustentou que “a esperança” representada por Lula não poderá “ser traída”. “Espero que a Europa não perca esse grande compromisso, porque seria gravíssimo se o mundo não entendesse a esperança representada por Lula, que é a esperança não só Brasil, mas de um continente inteiro”, disse o ex-primeiro-ministro italiano. “Se essa esperança for traída, as conseqüências poderão ser muito graves”, afirmou D?Alema. “O mundo precisa não apenas respeitar Lula, mas também ajudar o Brasil.”

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