Lula não supera impasse entre PT e PMDB por cargos

Nem mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu solucionar o impasse que move a disputa de cargos entre o PMDB e o PT. A crise ocorre agora na composição da Eletrobrás, menina-dos-olhos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff que não aceita a indicação do engenheiro Evandro Coura para o cargo. Gerente do governo, Dilma rejeita o loteamento político e insiste no perfil técnico para a montagem das diretorias de empresas subordinadas ao Ministério de Minas e Energia, que ela já comandou

Dirigentes do PMDB no Senado espernearam diante da resistência da ministra, mas reapresentarão o nome de Flávio Decat para a presidência da Eletrobrás. Uma ala do partido contrária a Coura, porém, comemorou o veto. ?O PMDB que se entenda. Não sou eu que vou arbitrar isso?, afirmou Lula, em reunião com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Em mais uma tentativa de resolver o imbróglio, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e líderes do partido terão um encontro com Lobão e o ministro das Relações Institucionais José Múcio Monteiro, no Planalto.

Lula conversou com Lobão e Múcio e foi informado dos problemas, que passam também pela Petrobras, pela Eletronorte e até mesmo pela Sudene, fora do setor elétrico. Por causa das inúmeras divergências entre os dois maiores partidos da coalizão governista, é provável que as nomeações sejam feitas somente depois do carnaval. Para completar a queda-de-braço, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) dedicou os últimos dias a articulações políticas para manter o afilhado Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras. O gesto provocou a fúria da bancada do PMDB na Câmara, que tenta emplacar no cargo o engenheiro Jorge Zelada.

Dilma não esconde a irritação com o apetite do PMDB. A ministra gostaria de preservar Valter Cardeal na presidência da Eletrobrás, mas deu sinais de que aceitará a troca por Decat, ex-presidente da Eletronuclear. A indicação de Coura – assumida pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), depois da bênção do senador José Sarney (PMDB-AP) – começou a perder substância no fim da semana passada. Seus adversários chegaram a dizer que ele não poderia dirigir a estatal por comandar a Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE).

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