Depois de saber da insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto à decisão, unilateral, de privatizar as usinas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), o governador José Serra (PSDB) decidiu contornar a situação, pedindo uma audiência no Palácio Planalto. As centrais elétricas são concessões do governo federal e algumas delas estão prestes a vencer, necessitado, portanto, de um aval de Lula para a prorrogação.
A conversa foi "mais do que amistosa", de acordo com um interlocutor, a ponto de Lula ter convidado Serra a ir com ele, de carona para São Paulo, no Airbus presidencial. Mas o presidente não assegurou a Serra a prorrogação da concessão das usinas, como o governador pretendia, limitando-se a "prometer estudar" o pedido, por considerá-lo "muito delicado".
Para o presidente, o assunto tem de ser, ainda, objeto de estudos e de avaliação por parte do Planalto. O governo federal está preocupado com a tarifa da energia que será vendida por essas usinas, muitas delas praticamente amortizadas e que têm o custo considerado baixo. Pelo processo natural, ao perderem a concessão, as usinas deveriam ser novamente leiloadas, já que voltariam a ser patrimônio da União. Simplesmente renovar a concessão permitiria à Cesp "ganhar" uma empresa nova, já que esta prorrogação vai entrar no preço e o comprador, para pagar um bom preço pela empresas, vai querer ter segurança de que a concessão está garantida.
No encontro, Serra pediu ainda a Lula que transforme o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), em um grande centro de distribuição de vôos. Serra quer a ampliação do terminal e das pistas. O governo também estudará a questão. Na conversa, Lula pediu a Serra que dê mais agilidade às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em São Paulo, principalmente em relação ao saneamento.