Genebra – A campanha mundial contra a fome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou destaque internacional ontem, quando ele disse em discurso na sede européia da ONU que a fome é uma “arma de destruição em massa” e pediu uma aliança global para o combate à fome e à pobreza.

O discurso foi feito após seu encontro com o presidente da França, Jacques Chirac, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o presidente do Chile, Ricardo Lagos, que foi convidado na última hora por Lula ao saber que o chileno estava em viagem à Europa. Chirac, Lagos e Annan concordaram em apoiar a luta de Lula e decidiram criar um grupo de estudo para encontrar medidas para reduzir a fome e a pobreza. Esse grupo irá apresentar um relatório sobre o tema, a ser discutido na Assembléia das Nações Unidas em setembro deste ano.

Serão estudados mecanismos alternativos de financiamento a um fundo contra a pobreza e a fome, tais como as taxações sobre comércio de armas e sobre movimentações financeiras. “Em nossas conversas, manifestamos preocupação com o foco excessivo da agenda internacional em questões que dizem respeito apenas à segurança, como o terrorismo e armas de destruição em massa”, afirmou Lula, numa clara menção à ação belicista dos Estados Unidos e da Inglaterra, que justificaram o ataque ao Iraque pela suspeita de que o regime de Saddam Hussein mantinha armas desse tipo.

Lula ressaltou que a fome atinge um quarto da população mundial, matando 24 mil pessoas por dia e 11 crianças por minuto, “disseminando doenças, reduzindo a capacidade de trabalho dos adultos e de aprendizado das crianças”. O presidente também criticou o modelo econômico adotado nas últimas décadas – que em sua visão só agravou as desigualdades sociais – desafiando as lideranças globais a conjugar estabilidade econômica e inclusão social.

“Estou fazendo um chamado ético e político para que a comunidade internacional trabalhe por um novo conceito de desenvolvimento, em que a distribuição de renda não seja conseqüência, mas alavanca do crescimento.”

Lula voltou a insistir que a saída é um sistema de comércio internacional mais “justo, equilibrado e capaz de oferecer oportunidades de geração e distribuição de riquezas a todos que deles participam”. Na reunião, disse o presidente, todos concordaram que um multilateralismo político e econômico robusto é fundamental para nessa “nova ordem internacional” voltada para o “desenvolvimento econômico com justiça social.”

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