São Paulo – Passados dois anos de sua criação, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), idealizado para ser o palco do pacto social proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002, sofrerá uma reformulação em sua composição e metodologia. O objetivo é aumentar a visibilidade, dar novo fôlego ao conselho e ressuscitar o pacto social prometido por Lula.
Com isso, o governo espera estancar o esvaziamento do CDES, admitido em conversas reservadas por vários conselheiros. Segundo alguns deles, depois da forte atuação nas reformas tributária e da Previdência, no ano passado, o Conselhão se perdeu na discussão sobre as taxas de juros e questões macroeconômicas.
"Estamos articulando forças dentro do conselho para fazer uma pressão a favor das ações de distribuição de renda. Até hoje se discutiu muito o crescimento econômico. E isso é importante, mas a pergunta agora será: crescer para quê?", disse o empresário Oded Grajew, integrante do conselho.
Para os críticos, além de ter se transformado em um balcão de reclamações sobre as taxa de juros, o conselho foi uma tentativa fracassada de criar um órgão para pressionar o Congresso a aprovar os projetos do governo.
"Nas reformas previdenciária e fiscal, o conselho ajudou a influenciar o Congresso para que aprovasse os projetos", admite Grajew.
Os parlamentares, no entanto, reagiram negativamente, acusando o governo de intervir nas atribuições do Legislativo ao politizar os projetos e deixar os congressistas pressionados a aprová-los, sob risco de contrariar os setores sociais representados no CDES. Até julho deste ano, o conselho havia gasto mais de R$ 1 milhão em passagens aéreas e hospedagem para seus integrantes.