Rio
– Encerrar divergências da disputa presidencial e deixar claro que pretende atrair o PSDB para um pacto de governabilidade no início do governo são os dois objetivos do petista Luiz Inácio Lula da Silva, caso eleito, que convidou seu principal adversário de campanha, José Serra, para uma conversa já na próxima semana. Se for confirmada hoje a vitória, Lula pretende abrir logo um diálogo lembrando a antiga convivência com Serra e outros tucanos. “Semana que vem precisamos conversar”, disse Lula a Serra, depois do debate da TV Globo.Mais tarde, questionado sobre a futura conversa com o candidato tucano, Lula preferiu mostrar cautela, mas não negou a intenção. “Vamos primeiro esperar contar os votos”, despistou Lula, às 2h30 de ontem, quando deixou a festa oferecida pela governadora do Rio, Benedita da Silva. Antes de deixar a TV Globo, Lula fez uma visita ao camarim de Serra, nos bastidores do debate. Levou a mulher, Marisa, e apresentou-a a Mônica, mulher de Serra.
“Fui na sala do candidato Serra cumprimentar ele, com minha esposa. Fizemos uma campanha civilizada. Não tinha por que fazer da campanha uma guerra acima das necessidades que o debate exige”, declarou Lula, no comentário de dez minutos feito para os jornalistas que acompanharam o debate em televisões instaladas em uma sala distante do estúdio. “Tenho convicção de que posso ganhar”, disse o petista.
Lula defendeu a política de alianças do PT como uma das “decisões acertadas” do partido nesta campanha. “Em 1989 era muita emoção. Em 2002 é emoção e razão”, afirmou, comparando com a primeira eleição presidencial direta depois do regime militar, quando foi candidato a presidente pela primeira vez. O candidato disse que “pela primeira vez o PT trabalhou cem por cento unido” e garantiu. “Fiz a melhor campanha da minha vida. O PT fez as coisas que deveria ter feito.”
Entre os acertos, segundo avaliação de Lula, estão a escolha do senador do PL José Alencar (MG) para candidato a vice e a contratação do publicitário Duda Mendonça para coordenar o marketing petista. Depois do debate, os petistas saíram eufóricos do estúdio. A prefeita Marta Suplicy, com o namorado, Luís Favre, a governadora Benedita da Silva com o marido, Antônio Pitanga, e os coordenadores da campanha José Dirceu e Antonio Palocci, sorridentes, comentavam alguns momentos do embate, enquanto aguardavam Lula.
Duda Mendonça era um dos mais entusiasmados. Duda defendeu Lula, que não respondeu às insistentes perguntas de Serra sobre qual será o aumento do salário mínimo em 2003, em um governo petista. Segundo o publicitário, Lula não quer fazer promessas que depois não possam ser cumpridas. “Ninguém quer número”, disse o publicitário. Diante da insistência dos repórteres com relação ao reajuste, Duda completou: “Essa coisa de quem vai governar fazer promessa não é fácil”.