Lula manda apurar os excessos da PF

Fábio Pozzebom/ABr
Gilmar mendes (esq.): em choque com a Polícia Federal.

Brasília – Em reunião do Conselho Político na manhã de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Tarso Genro, ouviram duras críticas dos líderes e presidentes de partidos da coalizão, sobre o procedimento da Polícia Federal na chamada Operação Navalha, que investiga políticos, empresários e funcionários públicos acusados de fraudar licitações de obras públicas.

Segundo relato do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, os políticos queixaram-se especialmente do vazamento de informações sob segredo de Justiça e de prisões sem justificativa. ?O presidente Lula pediu que os excessos sejam apurados?, disse Mares Guia a jornalistas. ?O ministro Tarso Genro reconheceu que houve excessos, mas ressaltou a importância das operações.?

Alguns líderes chegaram a dizer que o clima de suspeição criado pelos vazamentos ilegais provocavam um abalo na coalizão, apesar de não comprometê-la, segundo relatou o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). A líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), foi a primeira a se queixar dos excessos da Operação Navalha, logo após Tarso Genro fazer um relato da investigação da PF.

De acordo com parlamentares que estiveram no encontro, o clima de parte da reunião foi tenso e o líder do governo na Câmara, deputado José Múcio (PTB-PE), chegou a questionar o ministro da Justiça diretamente. ?Todos nós estamos grampeados??, perguntou Múcio. ?Eu não posso dizer nem que eu não esteja sendo?, teria respondido Tarso, segundo contou Valdir Raupp.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), leu o artigo primeiro da Constituição para dizer em seguida que as garantias individuais estão sendo violadas, conforme relatou o ministro Mares Guia. Segundo o ministro, dos 20 líderes e presidentes que falaram na reunião, oito queixaram-se da Polícia Federal.

STF sai em defesa de Gilmar Mendes

Brasília (AE) – Um dia após o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ter entrado em choque com a Polícia Federal, a quem acusou de cometer ?canalhice?, integrantes do STF afirmaram ontem que há uma banalização das prisões preventivas. Eles observaram que todas as semanas o tribunal determina a libertação de pessoas presas preventiva ou temporariamente por considerar que as prisões não estavam devidamente fundamentadas.

Este foi o argumento usado por Mendes para ordenar a soltura de cinco pessoas presas na Operação Navalha, que investiga um esquema de fraudes em licitações públicas. Estas decisões provocaram a crise com a Polícia Federal. Mendes disse que havia uma tentativa de intimidá-lo por meio da divulgação de informações a seu respeito que, segundo ele, são falsas. Uma dessas informações era a de que Mendes teria recebido presente da construtora Gautama, investigada na Operação Navalha.

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