O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pisou no acelerador e está intensificando a campanha pela reeleição. Enquanto a oposição não tem candidato, Lula corre solto e nos próximos meses vai participar do lançamento de obras e projetos de infra-estrutura. Estão sendo organizadas viagens para lançar a construção de sete gasodutos pela Petrobras, etapas da transposição do Rio São Francisco e projetos de biodiesel e da Brasil-Ferrovia.
A preocupação eleitoral de Lula ficou evidente na sexta-feira, em Campinas, no lançamento do Brasil-Ferrovia. Ele usou seu discurso para rebater o pronunciamento que o ex-presidente Fernando Henrique fizera na terça-feira, em evento tucano para comemorar os cinco anos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Fernando Henrique acusou o atual governo de estar sofrendo de um "apagão de gestão" e Lula prometeu recuperar o Brasil do "apagão logístico dos anos 90".
O tucano criticou o atual governo por "confundir austeridade fiscal com superávit primário" e Lula retrucou dizendo que "no passado, confundiram estabilidade com estagnação". "Não há governo, mas um presidente em campanha", critica o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ). "O clima político é que está contaminado pela perspectiva eleitoral", contesta o secretário de imprensa da Presidência, André Singer.
Nas comemorações do 1.º de Maio, o tom eleitoral do discurso de Lula já tinha ficado claro. Ao falar numa missa, ele prometeu "luz para todos" até o fim de 2008. A prioridade do chefe da Casa Civil, José Dirceu, é impulsionar a área de infra-estrutura para que o presidente possa vender a imagem de um governo realizador. No segundo semestre, por exemplo, está previsto que serão licitados três mil quilômetros de estradas e anunciadas medidas para a recuperação dos portos.
E Lula, sempre que possível, fará o anúncio ou participará de evento relativo às obras. O presidente não apenas subiu no palanque, como está articulando apoios à sua candidatura como ocorreu na quinta-feira à noite, quando fez o PT mudar de posição sobre a emenda da verticalização para agradar ao PMDB. Os atos do presidente estão sendo planejados em função de seus efeitos eleitorais.