Lula irrita Uruguai ao faltar à 16ª Cúpula

O presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva declinou a chance de festejar a reeleição ao lado dos presidentes da América do Sul ao confirmar a ausência na 16.ª Cúpula Ibero-Americana.  

O encontro se dará entre amanhã e domingo, em Montevidéu. Depois de várias intervenções do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Assessoria Internacional do governo em favor da participação na reunião da capital uruguaia, prevaleceu a recomendação médica: estafado pela campanha eleitoral, Lula aproveitar o feriado de hoje, Dia de Finados, e descansar também no fim de semana.

A decisão de não embarcar à capital ficou em suspenso nos últimos dias e foi confirmada apenas ontem pela administração federal e o Itamaraty. A primeira visita oficial dele desde a reeleição, portanto, será para a Venezuela, onde deverá, novamente, tratar com o presidente Hugo Chávez da construção de uma refinaria de petróleo em Pernambuco e de uma das pontes financiadas pelo Brasil. A viagem estaria marcada, em princípio, para o dia 12. Na cidade paraguaia, o Brasil será representado por Amorim.

Do ponto de vista da diplomacia brasileira, a participação de Lula na Cúpula Ibero-Americana daria a oportunidade de coroar a vitória eleitoral. Também daria uma chance especial para o presidente travar encontros bilaterais com líderes regionais e com os primeiros-ministros da Espanha, José Luís Rodríguez Zapatero, e de Portugal, José Sócrates.

O cancelamento da viagem trouxe uma situação mais confortável para Lula, cuja assessoria teria de se esquivar de um eventual pedido de audiência do presidente da Bolívia, Evo Morales, em paralelo à reunião de cúpula. Desde a vitória nas eleições, as assessorias de Lula e de Morales não conseguiram ainda agendar uma conversa por telefone, durante a qual o boliviano o cumprimentaria.

Mas um diálogo entre eles resvalaria para a insistência do presidente da Bolívia em convencer Lula a dar um tratamento político para as negociações que ainda restam entre a Petrobras e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB). Até o dia 11, essas companhias deverão concluir um acordo sobre a fórmula de cálculo do preço do gás natural fornecido ao Brasil, embora a Petrobras resista em aceitar mudanças. As empresas terão também um prazo mais longo para discutir outro tema delicado – o destino das duas refinarias de petróleo da Petrobras naquele país. Desde a publicação do decreto de nacionalização dos setores de gás e de petróleo, em 1.º de maio, Morales esforça-se para obter uma solução política para esses temas. Lula rejeitou essa hipótese.

A notícia da ausência de Lula em Montevidéu causou mal-estar no governo do presidente Vázquez. O presidente uruguaio pretendia convencer Lula a intermediar a crise que seu país possui há mais de um ano com a Argentina por causa da construção de duas fábricas de celulose.

Imigração

A imigração de grandes massas de pessoas dos países menos desenvolvidos para os mais desenvolvidos será o principal e polêmico assunto da 16.ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos países Ibero-americanos. A cúpula reunirá à mesma mesa líderes como o rei Juan Carlos I, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, o mexicano Vicente Fox, o argentino Néstor Kirchner e o presidente interino de Cuba, Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, que não participará por causa de sua convalescença. O presidente Lula, que prometia ser uma das atrações da cúpula, não comparecerá.

As negociações prévias da cúpula evidenciaram que existem basicamente duas posições sobre as imigrações. Por um lado, os países emissores – majoritariamente os países em desenvolvimento – que consideram que é preciso encarar o problema do fluxo migratório com a ótica da ?cooperação?. Ou seja, desejam que os países desenvolvidos colaborem na recepção das massas de emigrantes, que procuram trabalho na Europa, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

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